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'Eu tenho sinestesia, vejo cores quando ouço música'

A condição neurológica rara está ajudando a cantora e compositora Tamera em seu trabalho.

2 abr 2022 - 19h13
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Tamera diz que não sabia que sinestesia existia
Tamera diz que não sabia que sinestesia existia
Foto: Nwaka / BBC News Brasil

Imagine ouvir música e ver cores. Sim, você está lendo certo.

É exatamente isso que acontece com a cantora e compositora britânica Tamera devido a uma característica neurológica que ela possui.

Ela tem algo chamado sinestesia — uma condição que funde seus sentidos, então em vez de senti-los separadamente e involuntariamente, eles se misturam automaticamente.

Para Tamera, isso significa que ela tem uma "paleta de cores na cabeça".

"Quando ouço RnB (rhythm and blues), geralmente vejo azuis e roxos profundos, verde esmeralda", contou ela ao programa de rádio Newsbeat, da BBC.

"Quando estou ouvindo Afrobeat, vejo (tons de) laranja, como laranja queimado, amarelo e verde-limão bem brilhante."

Acredita-se que a condição afeta cerca de 4% da população e pode se manifestar de várias formas, pois pode afetar sabores, cheiros, formas ou toques.

A artista diz que ter sinestesia a ajudou até a compor.

"Para mim, pessoalmente, sou muito visual quando se trata de música ou sons", explica Tamera.

"Então eu acho que isso realmente me ajuda quando estou no estúdio porque eu consigo ouvir uma batida imediatamente. Tenho uma paleta de cores na cabeça."

"Apenas sinto as cores e, às vezes, vejo uma cena inteira de um filme, eu descreveria como uma cena inteira, uma encenação, e o que eu sinto que estaria acontecendo com essa música."

'Captura a mim e meus sentimentos'

A artista de 25 anos conta que descobriu recentemente que a sinestesia existia, mas ela não é a única musicista com a condição.

Pharrell Williams, Billie Eilish e Lady Gaga também têm sinestesia.

Para Billie Eilish, a condição inspira seu processo criativo.

"Toda a minha arte, tudo que faço ao vivo, todas as cores para cada música, é porque essas são as cores para essas músicas", disse ela.

Pharrell já afirmou anteriormente que "é a única maneira" que ele consegue "identificar como algo soa".

"Eu sei quando algo está no tom porque ou combina com a mesma cor ou não. Ou parece diferente e não parece certo."

A Associação de Sinestesia do Reino Unido esclarece que a condição não é uma doença ou enfermidade — e não é de forma alguma prejudicial.

Algumas pesquisas mostraram que os sinestésicos relataram ter uma capacidade de imaginário visual maior do que a população em geral, e algumas vantagens específicas relacionadas à memória também foram medidas.

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Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Isso sempre foi normal pra mim. Sempre foi assim", explica Tamera, de Kent, no sudeste da Inglaterra.

"É uma ferramenta que eu uso para me ajudar a escrever músicas há bastante tempo."

Tamera, que foi uma das finalistas do programa X-Factor em 2013 aos 16 anos, descreve como às vezes, quando está em estúdio, ela escreve sobre o que vê, e não sobre o que sente.

"Sinto que escrever pode ser uma coisa bastante visual", ela acrescenta.

"O que quer que traga a cena mais louca na minha cabeça ou uma bela paleta de cores que capture a mim e meus sentimentos, então eu vou escrever sobre isso."

A condição influenciou seu último projeto, Afrodite, e seu videoclipe.

"Se uma música vai ser lançada, ela foi 100% obcecada por mim quando se trata do lado visual."

"As cores ao redor de todos os singles são vermelho, laranja e marrom — e isso foi 100% proposital porque era isso que eu estava vendo o tempo todo enquanto escrevia o projeto."

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