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Com síndrome incurável, jovem poderia comer até morrer

Uma em cada 15 mil crianças nasce com a síndrome de Prader-Willi, doença em que o mecanismo de controle do apetite falta no cérebro

18 jun 2013 - 14h43
(atualizado às 15h14)
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<p>Henry pesa 150 quilos e come sem parar; a mãe tranca a geladeira e esconde a comida dele</p>
Henry pesa 150 quilos e come sem parar; a mãe tranca a geladeira e esconde a comida dele
Foto: Facebook / Reprodução

“Comer até morrer" é mais do que uma figura de linguagem para o jovem australiano Henry Szaraz. Com seis semanas de idade, ele foi diagnosticado com a síndrome de Prader-Willi. Os portadores da doença estão constantemente com fome, em função de um raro defeito genético. Aos 16 anos, Henry pesa 150 quilos e comeria até morrer, se sua mãe não mantivesse a vigilância 24 horas por dia.

O que define uma doença como rara?

Quando foi informada do diagnóstico do filho, Ginny levou um susto. Nunca tinha ouvido falar na doença que afeta uma em cada 15 mil crianças. Hoje, ela tranca a geladeira e os armários da cozinha e esconde os alimentos, na tentativa de controlar a compulsão do adolescente. “Henry é viciado em comida. O problema dele é comparável ao vício em heroína ou outros tipos de drogas. Por isso, tenho que manter a guarda dia e noite”, explica.

Descoberta em 1956 por Andrea Prader e Heinrich Willi, a Síndrome de Prader-Willi é provocada pela falta ou defeito de sete genes no cromossomo 15. Os portadores da doença sofrem de problemas físicos e mentais e têm baixa expectativa de vida, mas a vontade de comer sem parar é uma das características mais marcantes da síndrome, que não tem cura. Tratamentos, no entanto, ajudam a melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Os primeiros sintomas da doença incluem choro fraco e dificuldades para mamar, provocadas pelo baixo tônus muscular. O bebê vai demorar mais para sorrir ou sentar sozinho e pode levar até dois anos e meio para caminhar. A obsessão pela comida inicia a partir dos dois anos de idade, quando as crianças começam a ganhar peso. A fome constante é causada por uma desordem do hipotálamo, no cérebro, que não manda a “mensagem” de saciedade para o organismo. Se a dieta não for controlada, a obesidade pode levar à morte.

Henry Szaraz sabe disso, mas não consegue controlar a compulsão. “Minha maior dificuldade é ser gordo, mas minha mãe é a melhor, porque ela mantém a comida longe de mim e me mantém vivo”, afirma. Ele come o que vê pela frente e chega a esconder os alimentos no quarto, mas nunca está satisfeito. “Os portadores da síndrome vão estar em uma mesa de café da manhã e podem comer apenas um biscoito com as outras pessoas, mas eles vão desaparecer com o prato assim que todos saírem”, conta Ginny.

Além da obesidade, portadores de Prader-Willi têm geralmente baixa estatura, anormalidades ósseas, problemas de visão, atraso no desenvolvimento intelectual e dificuldades de reprodução. Na Austrália, pesquisadores do Garvan Institute for Medical Research buscam uma cura para a doença. Testes com o uso do Byetta, um medicamento para o tratamento da diabetes que chegou ao Brasil em 2008, mostraram resultados positivos.

Segundo Lesley Campbell, pacientes que tomaram a medicação apresentaram ‘significante sensação de saciedade’. “O mais interessante dessa pesquisa é que os portadores da doença receberam um remédio que já existe e não apresentaram efeitos colaterais. Esperamos que as grandes empresas invistam em novos estudos, apesar de ser uma doença rara”, disse.

A mãe de Henry Szaraz tem esperanças na cura. “Você não pensa em nada disso até amar uma pessoa portadora de deficiência. Quando você ama, você percebe que é difícil e desafiador, mas eu não vou poder cuidar do meu filho para sempre. Só quero que ele fique bem e feliz”, concluiu Ginny.

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Fonte: Especial para Terra
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