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Aumento de promiscuidade entre jovens é mito, diz estudo

30 jan 2009 - 08h38
(atualizado às 11h58)
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Será que os adolescentes americanos estão perdendo o controle?Pais se preocupam há gerações com a mudança de valores morais e comportamentos de risco entre jovens, e a última notícia parece particularmente alarmante.

Embora alguns jovens estejam claramente tendo comportamento sexual de risco, a vasta maioria não está.
Embora alguns jovens estejam claramente tendo comportamento sexual de risco, a vasta maioria não está.
Foto: Getty Images

Ela veio do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde, que reportou neste mês que nascimentos de filhos de pais entre 15 e 19 anos aumentaram pela primeira vez em mais de uma década.

E esse não é o único alerta. Em seu programa de entrevistas, Tyra Banks declarou que estava ocorrendo um surto de sexo entre adolescentes, após ter entrevistado garotas sobre seu comportamento sexual. Há alguns anos, Oprah Winfrey alertou pais de adolescentes sobre uma epidemia de sexo oral.

A notícia é preocupante, mas também ilusória. Embora alguns jovens estejam claramente tendo comportamento sexual de risco, a vasta maioria não está. A realidade é que, sob muitos aspectos, os adolescentes de hoje são mais conservadores em relação ao sexo do que as gerações passadas.

Hoje, menos da metade de todos os alunos do segundo grau já fez sexo: 47,8% em 2007, segundo a Pesquisa Nacional de Comportamento de Risco de Jovens, número inferior aos 54,1% em 1991.

Um estudo menos recente sugere que os adolescentes também estão esperando mais para fazer sexo do que os jovens no passado. Um relatório de 2002 do Departamento de Saúde e Serviços Humanos constatou que 30% das meninas entre 15 e 17 anos já haviam tido relações sexuais, número inferior aos 38% em 1995. Durante o mesmo período, a porcentagem de meninos que já havia feito sexo na faixa etária mencionada caiu de 43% para 31%.

Os números também caíram entre os adolescentes mais jovens. Em 1995, cerca de 20% disseram que tinham feito sexo antes dos 15, mas em 2002, esse número caiu para 13% das garotas e 15% dos garotos.

"Não há dúvida de que o público tem a percepção de que as coisas estão piorando e que os adolescentes estão fazendo sexo mais cedo e são muito mais impetuosos do que antes," disse Kathleen A. Bogle, professora assistente de sociologia e justiça criminal da Universidade La Salle. "Mas quando olhamos para os dados, esse não é o caso."

Uma razão para as pessoas interpretarem mal o comportamento sexual de adolescentes é o fato do sistema de namoro e relacionamentos ter mudado significantemente. Na primeira metade do século 20, o namoro era planejado e estruturado - e poderia ou não levar a uma relação física. Nas últimas décadas, esse padrão foi amplamente substituído por encontros casuais de adolescentes.

Nesse cenário, os adolescentes freqüentemente "ficam," e inversamente ao padrão antigo, tal relação pode ou não resultar em um namoro regular. Essa mudança começou no final dos anos 1960, disse Bogle, que explorou a tendência em seu livro "Hooking Up: Sex, Dating and Relationships on Campus" (NYU Press, 2008).

O último aumento nos índices de gravidez entre adolescentes é motivo de preocupação. Mas muito provavelmente isso reflete mudanças nos padrões de uso contraceptivo ao invés de uma grande mudança no comportamento sexual.

A realidade é que o índice de gravidez entre adolescentes tem caído acentuadamente desde o final dos anos 1950. O declínio não é explicado pelo aumento na disponibilidade de abortos: abortos entre adolescentes também diminuíram.

"Existe um grupo de jovens sexualmente ativo, mas ele não é significativamente diferente do de gerações anteriores," disse Maria Kefalas, professora associada de sociologia da Universidade Saint Joseph na Filadélfia, e co-autora de

Promises I Can Keep: Why Poor Women Put Motherhood Before Marriage

(University of California Press, 2005).

"Esse aumento da gravidez entre adolescentes não se deve ao fato de muito mais jovens estarem fazendo sexo, mas provavelmente de mais jovens não estarem usando contraceptivos."

Quanto à suposta epidemia de sexo oral, especialmente entre adolescentes mais jovens, estatísticas nacionais sobre esse comportamento foram apenas recentemente coletadas, não sendo tão alarmantes quanto alguns relatos fazem acreditar.

Cerca de 16% dos adolescentes dizem ter feito sexo oral, mas não tido relações com penetração. Pesquisadores dizem que a postura mais descontraída dos jovens em relação ao sexo oral reflete uma mudança similar entre os adultos desde os anos 1950. Além disso, alguns adolescentes podem ver o sexo oral como "mais seguro," não tendo que se preocupar com uma gravidez indesejada.

Pesquisadores de saúde dizem que os pais que se afligem com o sexo entre adolescentes geralmente ignoram o que podem aprender com os adolescentes que não estão fazendo sexo. Aqueles com maior supervisão dos pais, vindos de lares com pai e mãe, e que vão bem na escola têm maior probabilidade de postergar o sexo até o fim de sua adolescência ou depois dela.

"Para os adolescentes, fazer sexo requer tempo e falta de supervisão," Kefalas disse. "O que é importante prestar atenção, como pesquisadores e pais, são as características dos jovens que engravidam e aqueles que contraem doenças sexualmente transmitidas.

"Todo esse pânico moral não faz sentido, porque a pesquisa sugere que jovens que não usam contraceptivos tendem a ser aqueles que se sentem perdidos e sem vínculos e que não estão bem."

Embora os dados sejam claros, os pesquisadores de saúde dizem que é freqüentemente difícil convencer os adultos de que a maioria dos adolescentes tem posturas saudáveis em relação ao sexo.

"Faço apresentações no país inteiro, mostrando às pessoas que o índice de virgindade na faculdade é maior do que se pensa e que o número de parceiros é menor do que se pensa e que ficar com mais freqüência não significa fazer sexo," Bogle disse.

"Mas tantas pessoas acreditam que temos problemas morais cada vez mais profundos e que os adolescentes estão fora de controle que fica muito difícil convencer as pessoas do contrário..."

Traduções: Amy Traduções

The New York Times
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