Ciência prova (de novo) que a Terra é redonda usando horários de voos
Modelo prevê o tempo necessário para voar entre duas cidades usando a distância entre elas e comparando em relação ao formato do globo
Uma equipe da Universidade de Zurique (Suíça) divulgou os resultados de mais uma pesquisa que comprova que o planeta Terra é realmente redondo. E sim, sabemos que esse tema praticamente resolvido da ciência tem sido muito contestado nos últimos anos sem embasamento científico equivalente. Já o novo estudo traz um método diferente envolvendo os horários dos voos comerciais.
Segundo reportagem do jornal britânico Daily Mail, o novo modelo prevê o tempo necessário para voar entre duas cidades usando a distância entre elas e fazendo as devidas comparações em relação ao formato do globo.
Por exemplo, se voássemos na direção norte de Perth (Austrália) por sete horas, iríamos parar em Hong Kong; já rumo ao oeste pelo mesmo tempo e distância de voo, o avião pousaria nas Ilhas Maurício. No entanto, se a Terra fosse plana, esse vôo de sete horas para o oeste só levaria até a metade do caminho ao país africano.
Com influência dos gregos
Na verdade, o estudo é uma versão "revista e atualizada" de um modelo proposto pela primeira vez há 2.000 anos pelos antigos gregos. Veja como funcionava o conceito:
- Fincava-se varetas no chão em diferentes locais a centenas de quilômetros de distância;
- Compara-se o comprimento das duas sombras das varetas em um mesmo tempo do dia;
- Assim, quando a luz solar incindia diretamente sobre um dos dois locais, não havia sombra;
- Enquanto isso, exatamente ao mesmo tempo, no outro local havia uma sombra;
- Portanto, se a Terra fosse plana, as duas varetas deveriam mostrar o mesmo tamanho e formato de sombra, porque seriam posicionados no mesmo ângulo em relação ao Sol. O experimento já sugeria, assim, uma curvatura no globo;
- Os gregos usaram a diferença nesses ângulos para calcular a circunferência da Terra. Sem os equipamentos que dispomos hoje, conseguiram chegar na época a um resultado 10% próximo do valor conhecido hoje.
O que o estudo fez de novo
O novo estudo suíço queria encontrar outra maneira de verificar que a Terra era redonda. Enveredaram por um modelo estatístico porque, nas palavras de Michael Wolf, autor do estudo, "são o método ideal para responder a uma série de perguntas controversas. É uma ciência puramente matemática e não depende de suposições físicas básicas ou paradigmas ideológicos."
Para ele, muitas das provas científicas que comprovaram a Terra esférica no passado não são de entendimento comum aos leigos, fator que levou ao surgimento de teorias da conspiração dos terraplanistas.
As distâncias físicas entre duas cidades seriam as mesmas independente de a Terra ser um globo ou um disco achatado. O tempo de voo também é um dado considerado indiscutível por quem já viajou de avião. Por isso os cientistas usaram esses dados básicos.
A discordância aparece, porém, quando surgem valores diferentes para a distância entre cidades a depender do modelo de planeta adotado. O modelo estatístico deles só forneceu o tempo de vôo conhecido e correto entre duas cidades em uma linha leste-oeste quando a distância da Terra esférica foi adotada.
Matemática de ensino médio prova tudo
"Era importante para nós não favorecer um modelo a priori, mas encontrar um método relativamente simples para provar se a Terra é um disco ou não," disse Wolf.
"A coisa realmente surpreendente sobre esse método, no entanto, é que ele pode ser usado não apenas para provar que a Terra não é um disco, mas também para determinar o valor da curvatura", acrescentou. De acordo com o modelo esférico, o planeta tem uma curvatura de Pi (3,14) dividido por 20 mil quilômetros.
"É a primeira vez que o valor da curvatura da Terra pode ser determinado usando um método que se contenta com o conhecimento de matemática do ensino médio, ferramentas estatísticas clássicas e dados publicamente disponíveis.", concluiu Wolf.