Beats Studio Buds justificam preço de R$ 1,8 mil com bom funcionamento em Android e iPhone
Fones de ouvido trazem cancelamento ativo de ruído e mantêm boa experiência em sistemas diferentes
Por R$ 1,8 mil, a Beats lançou em agosto no Brasil os Beats Studio Buds, fones de ouvido "fitness" que prometem satisfazer tanto usuários de iPhone quanto de Android — algo raro em um mercado com poucas soluções que atendam a ambos sistemas e sem abdicar da qualidade.
Nos testes do Estadão, a promessa da Beats é verdade: apesar de não serem os melhores do mercado, os fones funcionam praticamente igual em ambos os aparelhos, com emparelhamento rápido e confiável, tecnologias como cancelamento ativo de ruído e alta qualidade de som.
O principal ponto a favor dos Beats Studios Buds é a praticidade, elemento que virou essencial para a categoria dos fones sem fio nos últimos anos. O aparelho traz um único estojo, onde é feito o armazenamento dos dispositivos de som e pelo qual a recarga de bateria acontece. O cabo, aliás, é do tipo USB-C nas duas pontas, algo que tem virado padrão do mercado, apesar da resistência da própria Apple, que se tornou dona da marca Beats após comprar a rival por US$ 3 bilhões em 2014.
Os fones na cor vermelha, que foram enviados pela Beats ao Estadão para testes, são especialmente bonitos e têm ótimo acabamento, que parece fosco e tem certa textura agradável ao toque da mão. As outras cores disponíveis no Brasil são preto e branco.
Dentro do estojo, os fones são do tipo intra-auricular, isto é, há uma borracha que encaixa ao ouvido — são três tipos de pontas de silicone para serem ajustadas, nos tamanhos pequeno, médio e grande. Além disso, eles possuem um formato inspirado nos populares Galaxy Buds, da Samsung, semelhantes a um ponto de orelha e diferentes dos bastões vistos nos AirPods, da Apple.
Sozinhos, os fones oferecem até 8 horas de duração, superior às até 5 horas dos AirPods. O tempo pode variar, conforme o uso do cancelamento ativo de ruído e da transparência (mais detalhes ao longo deste texto), mas a duração é excelente, se comparado aos rivais da própria Apple. Com o estojo, esses Beats chegam a até 24 horas de duração, em três ciclos de recarga.
Cai ou não cai?
O grande problema da categoria de fones de ouvido sem fio, principalmente os intra-auriculares, é o "cai ou não cai" da orelha.
Nos primeiros usos, os Studio Buds se ajustam bem ao ouvido. Mas, conforme as pontas de silicone vão ficando oleosas com a usabilidade diária, o aparelho costuma não ficar tão bem equilibrado. Aí vale a dica: experimente um tamanho menor e, principalmente, limpe os fones e higienize os ouvidos antes de colocá-los à orelha.
Feita essa limpeza do dia a dia, os Beats são excelentes para treinar, incluindo em exercícios de impacto, como corridas ou séries de alta intensidade. A praticidade do estojo e a leveza dos fones no ouvido (eles pesam 5 gramas cada) fazem dele um dispositivo excelente para a vida "fitness". Existe um porém: ao suar, eles podem ficar escorregadios e aí é preciso limpá-los novamente, tendo de parar o treino ou interromper o áudio em reprodução na orelha.
Aliás, ao contrário dos modelos mais caros da empresa, os Studio Buds não reconhecem automaticamente quando estão fora do ouvido. É preciso parar a música e removê-los da orelha, enquanto os AirPods fazem o serviço automaticamente.
Mas e o som?
Mesmo antes de ser comprada pela Apple, a Beats tinha fama de ter boa qualidade de áudio. Na versão de bolso e sem fio, os Studio Buds também entregam um aparelho acima da média, o que é espantoso, considerando o tamanho e leveza do produto. Em especial, continuam excelentes os graves característicos da Beats, que começou como uma empresa especializada em fones para amantes do hip-hop.
O diferencial desse modelo é o cancelamento de ruído ativo, que impede a entrada de som externo por meio de software, e o modo transparência, que encontra um equilíbrio entre os sons externos e o que é reproduzido no áudio, útil para locomoção em rua, quando temos de prestar atenção à nossa volta, por exemplo. Os dois recursos são inéditos aos fones de bolso da Beats (já existiam nos headphones, modelos que se encaixam sobre a cabeça).
Nos Beats Studio Buds, tanto o cancelamento de ruído quanto a transparência funcionam bem e é possível não ouvir sons de uma rua inteira. Ao contrário do "primo rico", o AirPods Pro (2019), porém, o recurso não é tão eficiente — o produto da Apple ainda é mais potente ao isolar o som do tráfego inteiramente, trazendo uma falsa "paz" ao ouvinte enquanto caminha pela cidade. Também não há reconhecimento automático de que o fone foi retirado da orelha, precisando que o áudio seja pausado no celular ou relógio.
Outro problema dos Studio Buds é a solução que a Beats deu para os comandos no dispositivo. Para pausar ou trocar de música e alternar entre cancelamento de ruído e modo transparência, é preciso pressionar um botão na pequena haste que, muito discretamente, sai para fora da orelha — ao fazer isso, o usuário "empurra" o fone ao ouvido, o que incomoda. É uma solução melhor que batidas no produto, mas ainda incomoda porque ambas as soluções são fáceis de acionar. Ouvir música com a cabeça no travesseiro, nesse caso, é impossível.
Por fim, apesar de a compatibilidade com celulares Android ser excelente (não perde em nada para o iPhone), é preciso baixar um aplicativo próprio da Beats para acionar, via software, os comandos de cancelamento de ruído e transparência. Ainda é possível fazer essas mudanças ao pressionar o botão diretamente nos fones, mas é sempre bom ter a opção de software em mãos, algo que Google e Beats poderiam solucionar facilmente se assim quisessem.
Superior em muitos aspectos a outros fones da categoria, o Beats perde no preço. Por R$ 1,8 mil, trata-se de um produto mais salgado do que os Galaxy Buds Pro, modelo topo de linha da Samsung, que o colocou à venda por R$ 1,4 mil. Mas é mais barato que os AirPods (R$ 1,9 mil) e os AirPods Pro (R$ 2,4 mil), os aparelhos mais caros do mercado.
Entre a própria Beats, os Studio Buds são o "intermediário": os Beats Flex (mais esportivos) saem por R$ 580, enquanto os PowerBeats Pro (com haste para fixar à orelha) está à venda por mais de R$ 2,1 mil — ambos não trazem cancelamento de ruído nem modo ambiente, hoje itens que se tornam mais comuns no mercado.
Os Beats Studio Buds não são os fones mais baratos (o dólar nas alturas joga contra), mas são aqueles que melhor conseguem unir os "mundos" do iPhone e do Android com um preço intermediário e tecnologia de ponta. E isso não é pouca coisa.
