André Rossi e Sérgio Gwercman/Redação Terra
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Ubiratan pode pegar até 3,5 mil anos de cadeia
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O coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo, Ubiratan Guimarães, de 58 anos, ouve no final da tarde de amanhã a sentença dos sete jurados destacados para decidir se ele é ou não o culpado pelas 111 mortes ocorridas em dois de outubro de 1992, durante a invasão, pela PM, do Pavilhão nove da Casa de Detenção, no episódio conhecido como o Massacre do Carandiru. Se condenado, a pena pode chegar a 3,5 mil anos de prisão.No último dia de julgamento haverá um debate entre a promotoria, representada por Felipe Cavalcanti, e a defesa, do advogado Vicente Cascione. Nas primeiras duas horas fala Cavalcanti. "Foi uma operação desastrosa e mau preparada", diz. Logo depois, será a vez de Cascione. "Houve um confronto e a polícia acabou levando a melhor", rebate. O debate termina depois que cada um deles fizer uma réplica de meia-hora sobre as exposições de seu "adversário".
Cascione defende que Ubiratan apenas cumpria ordens ao invadir o presídio e que um confronto justifica as mortes. A ordem, segundo o próprio Ubiratan, não era atirar em ninguém, e sim obrigar os presos a descer para o pátio, para que os bombeiros pudessem apagar o incêndio. "A culpa é dos presos que se rebelaram", disse o advogado. "Quem estava lá dentro não era freira", completou, referindo-se aos detentos do Pavilhão nove.
A promotoria acusa Ubiratan de ter comandando um massacre. Um das testemunhas de Cavalcanti, o perito Osvaldo Negrini Neto, do Instituto de Criminalística de São Paulo, e primeiro perito a chegar no Carandiru depois da invasão, duvida da tese da defesa de confronto. "Em nenhum lugar ficou tecnicamente provado a existência de confrontos", disse. Cavalcanti promete fatos novos no debate de amanhã.
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