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A suíça que optou por trabalhar em favelas do Rio

Ela, que chegou ao Brasil em 1992 sem falar Português, desenvolve hoje uma ação social em Duque de Caxias

6 jan 2022 - 14h31
(atualizado em 7/1/2022 às 14h42)
Nadia chegou ao Rio em 1992 após tirar licença de três meses do trabalho como assistente de prática médica
Nadia chegou ao Rio em 1992 após tirar licença de três meses do trabalho como assistente de prática médica
Foto: Arquivo pessoal

A jovem suíça Nadia Barbazza chegou ao Rio em 1992 após tirar licença de três meses do trabalho como assistente de prática médica. "Era o caos e a beleza ao mesmo tempo. Os contrastes me atraíram", conta. Pelo telefone, ela avisou o chefe de que ficaria um ano para realizar ações sociais em favelas. Já são 27 anos de voluntariado.

Desde 2018, Nadia está à frente da ONG Haja, que conduz juntamente com o marido, Pedro, brasileiro. A entidade apoia famílias do Morro do Borel, comunidade na zona norte do Rio que já foi considerada uma das mais violentas da América Latina, mas com foco em Jardim Gramacho, bairro de Duque de Caxias.

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Desde 2018, Nadia está à frente da ONG Haja, que conduz juntamente com o marido, Pedro, brasileiro
Foto: Arquivo pessoal

Ela, que chegou ao Brasil sem falar Português, garante que o idioma não foi empecilho na comunicação, e a experiência na área de saúde ajudou. "Aprendi muito com as crianças no morro."

Corações

Entre as frentes dos projetos da Haja estão educação, distribuição de alimentos e geração de renda. A Fábrica de Corações, uma das principais iniciativas, surgiu quase por acaso, com o reaproveitamento de paletas de madeira despejadas na região.

"Começamos a pintar e a cortar as paletas, e um dia fizemos corações", diz Nadia. "Mas, no começo, era algo para as crianças. Com o tempo, teve gente que falou que gostava e perguntava se não vendíamos como lembranças. Passamos a vender juntamente com pacote de giz de cera. Quem recebe pode pintar em casa o seu coração de acordo com o seu gosto."

Foto: Anderson Valentim

Treinados, quatro jovens da favela fazem parte da equipe fixa da fábrica. A ideia é transformar a iniciativa em negócio social e expandir o número de beneficiados a partir de 2022, quando a sala de marcenaria ficar pronta.

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"Teremos um espaço que vai treinar pessoas para o mercado de trabalho como marceneiras. Será uma produção daqui da comunidade", acrescenta Nadia. Apesar da queda da venda dos corações na pandemia, o grupo espera um cenário mais favorável em 2022.

Entre as frentes dos projetos da Haja estão educação, distribuição de alimentos e geração de renda
Foto: Arquivo pessoal

Marcenaria

Vinicius Laurenio da Silva, de 23 anos, é um dos moradores que já passaram pela Fábrica de Corações. Começou a trabalhar no projeto assim que a Haja foi fundada, mas o contato com o trabalho artesanal já ocorria em casa. "Eu já criava algumas coisas, mas, com o projeto, passei a gostar mais dessa área de marcenaria", diz o jovem. "O projeto funcionava em um barraco de madeira. Nós construímos com a Nadia e o Pedro desde o início. O que era lixo virou um jardim", conta Vinicius, que ajudou a construir a sede da ONG na favela.

ONG treina pessoas para trabalho de marcenaria
Foto: Anderson Valentim

O jovem se encontrou na marcenaria e passou a estudar em uma escola profissionalizante após ser encaminhado pela Haja. "Foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida." Atualmente, ele trabalha na escola onde estudou para exercer o ofício. "Terminei o curso e estou trabalhando como marceneiro na escola. Fui estagiário, mas agora sou contratado." O sentimento que fica é de gratidão. "A Fábrica de Corações foi muito importante para mim. Pelo fato de morar em comunidade, a gente se espelha pelo que está mais perto. E o que estava mais próximo era a vida errada. Então, a chegada da Haja influenciou muita gente a poder trabalhar honestamente e ganhar o próprio dinheiro", finaliza.

A entidade apoia famílias do Morro do Borel, comunidade na zona norte do Rio que já foi considerada uma das mais violentas da América Latina, mas com foco em Jardim Gramacho, bairro de Duque de Caxias
Foto: Arquivo pessoal
Ela, que chegou ao Brasil sem falar Português, garante que o idioma não foi empecilho na comunicação
Foto: Arquivo pessoal
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