Já ouviu falar em “turismo regenerativo”? As favelas conhecem cada vez mais

Não se trata de um segmento de mercado, mas de transformar o turismo em instrumento de transformação social e econômica

11 ago 2025 - 05h59
Resumo
Conceito vem sendo difundido em favelas do Rio de Janeiro, com workshops e ações nas comunidades. Ideia é mapear os pequenos empresários, destacando talentos e habilidades em áreas como gastronomia, cultura, arte, artesanato e beleza, entre outras.
Participante de encontro sobre turismo regenerativo no Morro da Babilônia, zona sul do Rio de Janeiro.
Participante de encontro sobre turismo regenerativo no Morro da Babilônia, zona sul do Rio de Janeiro.
Foto: Divulgação

Workshops realizados no Morro da Babilônia e no Chapéu Mangueira, entre outras comunidades que ainda serão atendidas no Rio de Janeiro, incentivam e capacitam moradores para um tipo de turismo que evita a postura predatória ou meramente consumista nas favelas: o chamado “turismo regenerativo”.

Proposta sustentável, envolve desde a visitação até a gastronomia. Nas comunidades cariocas, alguns encontros são conduzidos pela chef Regina Tchelly, da Favela Orgânica. Natural de Serraria, no interior da Paraíba, ela chegou ao Rio de Janeiro aos 20 anos para trabalhar como doméstica.

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“Quando cheguei, vi a quantidade de alimentos sendo desperdiçados nas feiras livres da cidade. Foi uma das coisas que mais me incomodou, porque lá na Paraíba a gente sabe como aproveitar tudo”, conta a chef, que transformou essa inquietação em propósito.

Em workshop de gastronomia sustentável ministrado pela chef Regina Tchelly, ow participantes conversaram, cozinharam e comeram.
Foto: Divulgação

Ela ministrou oficinas no Vidigal, Rocinha, Santa Marta, Maré e Providência em parceria com a iniciativa do Instituto Aupaba, que planeja lançar um roteiro inédito das favelas cariocas, mapeando os negócios existentes e destacando suas peculiaridades.

Luciana De Lamare, presidente do Aupaba, explica ao Visão do Corre a proposta que pretende ser duradoura e deixar um legado positivo para as comunidades, sobretudo de transformação social, o principal objetivo da iniciativa.

O que é turismo regenerativo?

É um termo usado há pouco tempo e se baseia no design regenerativo, área de estudo acadêmico a partir da Biologia. No turismo, ele tem sido utilizado como uma forma de oferecer produtos que tenham um viés de transformação e a premissa de benefício das comunidades, com proteção do patrimônio biocultural.

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Luciana De Lamare, presidente do Aupaba, explica que é preciso “observar as soluções que o território precisa, sobretudo questões sociais”
Foto: Divulgação

É turismo sustentável?

Ele não pode ser visto meramente como uma segmentação turística, comercial, mas como uma oportunidade de regenerar os territórios, trazendo benefícios para várias cadeias produtivas das favelas e trazer, de fato, desenvolvimento integral para locais que têm turismo como atividade econômica.

É turismo ecológico?

Desafia a pensar muito além: neste momento de transição climática, precisamos de alternativas viáveis, a nível global, onde haja equilíbrio, resiliência, transformação das pessoas para preservação e cuidado com as comunidades. Não é simplesmente um produto, é sobre a forma como nós atuamos, e não o que temos.

A questão principal é como usar o turismo para gerar soluções para problemas reais da comunidade. Não é um novo produto ou segmento.
Foto: Divulgação

Como isso vem sendo implantado em favelas?

Nós sabemos que a favela é um local turístico e cada favela tem suas características. O que se busca é, através do reconhecimento das vocações, fazer com que o visitante, local ou estrangeiro, perceba que cada favela tem o seu tom, seu ritmo, sua história.

Qual a relação com empreendedorismo?

Empoderamos indivíduos que não se veem em ambiente formais de trabalho e que querem empreender em suas casas. Queremos repensar a relação com o trabalho, aprender coisas novas para incluir em uma cadeia tão ampla quanto o turismo. Trata-se de evolução pessoal e profissional.

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A partir dessas premissas, como deve ser o turismo regenerativo nas favelas?

Um turismo feito por pessoas do território, que muitas vezes são invisibilizadas, e que precisam de uma oportunidade de se posicionarem, conhecendo melhor a si mesmas e ao ecossistema onde estão inseridas. A gente viabiliza o empoderamento econômico, fazendo o turismo ter muito mais qualidade nos territórios, posicionando como destino turístico sustentável e inclusivo. O turista vai embora mas o território permanece preservado e, sobretudo, melhorado.

Fonte: Visão do Corre
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