Confeiteiras das quebradas de São Paulo aproveitam a febre do morango do amor, alavancando empreendimentos com vendas crescentes e se adaptando à alta demanda. Quem fazia maçã do amor leva vantagem, pois o processo de produção é parecido.
A febre do morango do amor criou uma Páscoa fora de época entre as confeiteiras que tocam pequenos empreendimentos nas periferias de São Paulo. “Fiz uns dois mil morangos em um mês, talvez até mais”, conta Renata Cristina Lopes, 38 anos, da Penha, zona leste de São Paulo.
Ela começou no ramo há dois anos e vive o primeiro grande impulso do negócio. Vende cada morango do amor a R$ 15,00. Atende empresas, condomínios vizinhos, fornece para aplicativos. No último final de semana, varou uma noite acordada para dar conta das encomendas.
“Nunca tinha precisado de ajudante, mas tive que chamar uma amiga que estuda confeitaria comigo”. Cresceu o número de seguidores e de visualizações nas redes sociais. “Tenho clientes que encomendavam três, quatro, agora tive encomenda de 25 morangos. Deu um salto", diz Renata.
Preta Doces está focada no morango do amor
A moda do morango do amor impulsiona desde novos negócios, como o de Renata, na zona leste, até o de Simone Amaral, 53 anos, proprietária da Preta Doces na Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo, no ramo há 15 anos.
Mal terminou as maçãs do amor das festas juninas, Simone passou à produção frenética de morangos do amor. “Tenho encomenda até nas próximas semanas. Não tenho nem para te mostrar.”
Com o brigadeiro pronto do dia anterior, Simone acorda 5 horas, monta os morangos do amor, e vende de tarde. Sai com a cesta contendo, em média, 50 doces. “Vendo no trabalho de amigos, em salão de cabeleireiro, é como se fosse uma Páscoa fora de época.”
Arrumando um jeito de fazer morangos do amor e não perder vendas
Rita Brunnquell, da RBS Chef Gourmet, no Limão, zona norte, diz que o morango do amor “virou o principal doce no último mês”. Para aproveitar a onda e não abandonar as encomendas de cestas e marmitas, passou a trabalhar aos sábados.
“Incluí a produção do morango no dia que seria minha folga e pago ajudante por hora. Faço os brigadeiros no dia anterior e deixo descansar para fazer a finalização no dia da produção e da entrega. Por ser muito perecível, só dura dois dias, prefiro entregar bem fresco”, explica Rita.
Outra confeiteira que achou uma brecha na agenda para atender as encomendar de morangos do amor é Erika da Costa Souza, da Kyka Cakes, na região do Guarapiranga, zona sul de São Paulo. Ela encaixou a produção nas manhãs para “garantir uma renda a mais”.
Confeiteira volta às pressas do Piauí para São Paulo
“Eu não estou fazendo no momento porque eu não estava em São Paulo, estava em viagem de férias no Piauí. Mas estou voltando hoje e vou fazer sim”, diz Getiana Vieira, 41 anos, de Osasco, Região Metropolitana de São Paulo, no ramo de confeitaria desde 2008.
Quanto ela tirou férias, há três semanas, a onda do morango do amor ainda não tinha crescido. “Está uma febre, tanto é que já coloquei no meu status que estou voltando e quero navegar nessa febre”, conta durante a viagem de retorno.
Ela nunca fez morango do amor, mas faz maçã do amor, “é quase o mesmo procedimento. Eu sei o ponto da calda, do brigadeiro, já trabalho com isso. O momento está bem propício para fazer e ganhar dinheiro”.