Uma das mais antigas ciências humanas, a Astronomia foi responsável por grandes descobertas e transformações na relação do homem com a natureza e com o espaço. Muita gente não imagina, mas os achados daqueles pesquisadores que ficam isolados em pontos do globo, observando o céu, foram essenciais para os avanços em física, aeronáutica, metereologia e no nosso dia-a-dia. Sua importância é tanta que essa ciência ganhou um ano de comemorações.
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O Ano Internacional da Astronomia foi instituído neste ano de 2009 para celebrar os 400 anos desde que o físico e astrônomo italiano Galileu Galilei fez suas primeiras observações telescópicas. Para entrar no clima e saber como os astrônomos desvendaram alguns mistérios, confira quais são os principais observatórios do mundo e sua importância.
Alguns deles recebem visitantes (sempre acompanhados de monitores) e, de acordo com o professor Eduardo S. Cypriano, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), da Universidade de São Paulo (USP), o grande atrativo é, sem dúvida, a natureza. Cypriano classifica como "fantástica" a experiência de se visitar um observatório, primeiro porque o lugar em si é de grande beleza natural, já que geralmente estão localizados em montanhas sem nada ao redor, muito altas para não haver interferências de locais próximos. Segundo, porque o céu desses lugares é de um azul profundo durante o dia, muito mais bonito do que o céu nublado e poluído das cidades. "À noite, então, a beleza do céu é estonteante", garante.
Observatório Nacional
Esse é o observatório mais antigo do Brasil. Criado oficialmente por D. Pedro I em 1827 com o nome de Imperial Observatório do Rio de Janeiro, tinha como objetivo principal estudar o território colonial. Com a proclamação da República, ganhou o nome atual.
Ele é o responsável pelo famoso "horário de Brasília", ou Hora Legal Brasileira, reconhecida em território nacional e internacional. Oferece pós-graduação e cursos de verão para professores, estudantes e curiosos, além de visitas ao Museu de Astronomia (MAST).
Além disso, é o responsável pela criação do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) - na época, Observatório Astrofísico Brasileiro.
Pico dos Dias
No município mineiro de Brasópolis está o maior telescópio em solo brasileiro: o 1,6 m (o que significa que seu espelho primário tem 1,6 metros de diâmetro).
O Observatório Pico dos Dias (OPD) é mantido pelo Laboratório Nacional de Astrofísica e pertence ao Ministério da Ciência e Tecnologia. As visitas podem ser agendadas para os dias úteis ou fim de semana.
Parque CienTec
A história desse observatório começou em 1912, quando se chamava Observatório Astronômico e Meteorológico e estava localizado em uma região hoje inimaginável: na avenida Paulista. Como a cidade cresceu, ele foi transferido para o Parque do Estado, onde passou a ser a sede do IAG - USP. Como o IAG se mudou para o campus, o observatório foi transformado no Parque de Ciência e Tecnologia (CienTec), promovendo visitas e palestras para escolas e público em geral.
Lá, os visitantes podem olhar o céu pelo telescópio, observar o sol, passear na "alameda do sistema solar" e participar de discussões sobre a origem do universo, as estrelas e as constelações.
Soar
O Brasil é o sócio majoritário do Southern Astrophysical Research Telescope (Soar), mantido em conjunto com o National Optical Observatories, a Universidade da Carolina do Norte e a Universidade do Estado de Michigan. Ele fica em Cerro Pachon, no Chile, e é muito utilizado pelos astrônomos brasileiros.
Gemini
O nome não engana: são telescópios "gêmeos", de 8 m (diâmetro do espelho) cada um. Um fica no hemisfério norte, em Mauna Kea, Havaí. O outro, no hemisfério sul, em Cerro Pachon, Chile. Juntos, eles conseguem uma visão totalitária do céu.
Além do Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Chile, Austrália e Argentina também têm permissão para uso dos observatórios em suas pesquisas. Entre os possíveis objetos de estudo dos telescópios, os mais favorecidos pela estrutura dos equipamentos são as estrelas e galáxias.
ESO
Alguns dos mais importantes telescópios são de responsabilidade do European Southern Observatory (ESO). Entre eles, o projeto Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (Alma), com a ambição de ser tão revolucionário para a ciência como foi o telescópio espacial Hubble. Em construção em Cerro Chajnantor, Chile, o Alma vai estudar a luz proveniente dos objetos celestes mais frios do universo.
Para comemorar o Ano Internacional da Astronomia, os responsáveis pelo Alma prepararam uma apresentação de planetário que conta a história da Astronomia, desde as primeiras observações de Galileu há 400 anos até as técnicas modernas de estudo. O "show" será disponibilizado em diversas línguas, entre elas alemão, italiano, japonês, grego e até português brasileiro. Por uma taxa determinada, os planetários do mundo todo poderão transmitir a apresentação, que será exibida pela primeira vez para a imprensa no final de abril.
Outro observatório do ESO é La Silla, que fica a 600 km de Santiago. Seus telescópios tiveram importante participação para comprovar a ligação de explosões de raios gama (o tipo que libera mais energia, desde o Big Bang) com a explosão de estrelas massivas (pesadas).
Já o Very Large Talescope (VLT), que fica no topo do Cerro Paranal, é um complexo que consiste em quatro telescópios com espelhos primários de 8,2 m de diâmetro (Antu, Kueyen, Melipal e Yepun), e mais quatro telescópios móveis de 1,8 m de diâmetro como auxiliares. Foi responsável por descobertas como a primeira imagem de um planeta fora do sistema solar.
O VLT também serviu de locação para as filmagens do último filme de James Bond, Quantum of Solace.
Sites para consulta: Ano Internacional da Astronomia 2009 - www.astronomia2009.org.br; ESO - European Southern Observatory - www.eso.org; LNA - Laboratório Nacional de Astrofísica - www.lna.br; Gemini Observatory - www.gemini.edu; Observatório Nacional - www.on.br; Pico dos Dias - www.lna.br/opd/opd.html; Parque CienTec - www.parquecientec.usp.br; SOAR - www.soartelescope.org