A carência de zinco e de vitamina B12 tem sido observada em diversos quadros clínicos relacionados ao olfato. Estudos recentes indicam que a deficiência desses nutrientes pode interferir na capacidade de regeneração das células olfativas, estruturas responsáveis por captar odores no nariz e enviar essas informações ao cérebro. Embora o organismo possua um potencial de reparação contínua desse tecido, a falta de micronutrientes específicos tende a tornar esse processo mais lento e menos eficiente.
Essa relação chama atenção principalmente em pessoas que relatam perda parcial ou total do olfato após infecções respiratórias, alergias crônicas ou envelhecimento. Nesses casos, a insuficiência de zinco ou vitamina B12 pode não ser a única causa da alteração olfativa, mas funciona como um fator que dificulta a recuperação. Por isso, muitos profissionais de saúde avaliam o estado nutricional como parte da investigação quando há queixas persistentes de alterações no cheiro e no paladar.
Como o zinco participa da regeneração das células olfativas?
O zinco é um mineral essencial envolvido em centenas de reações enzimáticas, incluindo aquelas ligadas à divisão celular e à reparação de tecidos. As células olfativas, localizadas no epitélio olfatório dentro da cavidade nasal, se renovam ao longo da vida. Para que essa renovação aconteça de forma adequada, o organismo precisa de um fornecimento constante de zinco em níveis adequados.
Em casos de deficiência, o corpo tende a priorizar funções vitais, deixando a regeneração de tecidos sensoriais, como o olfatório, em segundo plano. Pesquisas com animais e estudos observacionais em humanos mostram que estados de hipoproteção de zinco podem estar associados a:
- Diminuição da sensibilidade a odores;
- Maior tempo para recuperação do olfato após processos inflamatórios;
- Alterações no sabor dos alimentos, já que olfato e paladar estão interligados.
Não se trata apenas da quantidade de zinco ingerida, mas também da capacidade de absorção intestinal, que pode ser afetada por doenças crônicas, uso prolongado de certos medicamentos ou dietas muito restritivas.
Carência de vitamina B12 também interfere no olfato?
A vitamina B12 é fundamental para o funcionamento adequado do sistema nervoso e para a formação saudável das células sanguíneas. A deficiência desse nutriente pode comprometer fibras nervosas e estruturas envolvidas na transmissão de sinais, incluindo as vias responsáveis pela percepção de odores. Assim, a falta prolongada de B12 cria um ambiente menos favorável para a manutenção e a regeneração das células olfativas.
Quadros de insuficiência de vitamina B12 costumam aparecer com mais frequência em:
- Pessoas idosas, devido à menor absorção intestinal;
- Indivíduos com gastrite crônica, cirurgia bariátrica ou doenças intestinais;
- Pessoas que seguem dietas vegetarianas ou veganas sem planejamento adequado.
Nesses grupos, sintomas como cansaço, formigamentos, dificuldade de concentração e alteração de olfato ou paladar podem surgir de forma combinada. Em alguns casos, a normalização dos níveis de B12 está associada a melhora progressiva da função olfativa, embora o tempo de recuperação possa variar bastante.
Carência de zinco e vitamina B12 pode afetar a regeneração de células olfativas?
A literatura científica aponta que tanto o zinco quanto a vitamina B12 têm papéis complementares no processo de regeneração celular. O epitélio olfatório depende de proliferação de células-tronco locais, de um ambiente anti-inflamatório equilibrado e de boa comunicação com o sistema nervoso central. A deficiência de um ou dos dois nutrientes pode interferir em diferentes etapas desse ciclo.
De forma geral, considera-se que a carência de zinco e B12 pode:
- Reduzir a velocidade de renovação das células olfativas;
- Aumentar a vulnerabilidade dessas células a agressões, como infecções e poluentes;
- Comprometer a integridade dos nervos que conduzem as informações de cheiro ao cérebro.
Por outro lado, a reposição isolada desses nutrientes não é garantia de recuperação automática do olfato, já que outros fatores, como idade, doenças de base, uso de medicamentos e histórico de traumas na região nasal, também influenciam de maneira importante.
Quais cuidados ajudam a proteger o olfato e a saúde nutricional?
A proteção das células olfativas passa por um conjunto de estratégias que envolvem alimentação, ambiente e acompanhamento profissional. Entre as medidas frequentemente recomendadas por especialistas, destacam-se:
- Manter uma alimentação variada, com fontes de zinco, como carnes, ovos, leguminosas, sementes e oleaginosas;
- Garantir ingestão adequada de vitamina B12, principalmente por meio de alimentos de origem animal ou, quando orientado, suplementos;
- Evitar automedicação com doses altas de zinco por períodos prolongados, o que pode causar desequilíbrios com outros minerais;
- Controlar doenças crônicas, como diabetes, rinite alérgica e sinusite, que podem afetar o epitélio olfatório;
- Buscar avaliação profissional em casos de perda de olfato que dure mais de algumas semanas.
Quando há suspeita de carência de zinco ou vitamina B12, exames laboratoriais costumam ser solicitados para orientar decisões sobre dieta e suplementação. A identificação precoce de deficiências nutricionais, aliada ao cuidado com a saúde nasal e respiratória, tende a favorecer um ambiente mais propício para a regeneração das células olfativas ao longo do tempo.