VSR além da bronquiolite: entenda o que é o Vírus Sincicial Respiratório e quais os riscos para a população idosa¹

O VSR pode afetar pessoas de todas as idades, mas é essencial que adultos com 60 anos ou mais e com comorbidades estejam em alerta¹’³

27 mar 2024 - 12h32
(atualizado às 14h24)
Foto: Freepik

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é frequentemente associado a bebês e crianças, por estar relacionado à bronquiolite¹‚². O vírus também merece atenção especialmente por seu impacto na população idosa, vulnerável a complicações e infecções respiratórias graves³.

"Na população idosa, os principais riscos para o organismo são os danos em trato respiratório, como quadros de pneumonia e/ou exacerbação de doenças pulmonares crônicas, como asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), além de descompensação de insuficiência cardíaca e diabetes", explica a Dra. Lessandra Michelin (CRM 23494-RS), infectologista e gerente da GSK, biofarmacêutica multinacional presente em mais de 80 países.

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Segundo a infectologista, a vulnerabilidade de pessoas com mais de 60 anos se dá pelo enfraquecimento natural do sistema imunológico, que não consegue combater adequadamente infecções. "Bebês e idosos têm maior probabilidade de desenvolver quadros graves pelo VSR e necessitar de hospitalização, assim como pacientes imunodeprimidos. Nos extremos da faixa etária, a imunidade está diferente. Idosos estão no período de imunossenescência, no qual há diminuição do número e quantidade de células de defesa. Assim, ficam mais suscetíveis a quadros infecciosos mais frequentes", completa a especialista.

"As infecções pelo VSR são reconhecidas como uma das principais causas de hospitalizações e óbitos em crianças pequenas e idosos", complementa a Dra Tânia Chaves (CRM 72849-SP), médica infectologista, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e que atualmente desenvolve um pós-doutorado sobre VSR em adultos.

O que é o VSR?

O Vírus Sincicial Respiratório apresenta sintomas similares aos de um resfriado, como febre, dores de cabeça, coriza, cansaço, dor de garganta, congestão e tosse¹‚⁴.   

Dra. Tânia Chaves explica mais: “Em idosos, os sintomas clínicos da infecção pelo VSR podem ser muito parecidos com os da infecção pelo vírus Influenza por exemplo, com exceção da febre, potencialmente mais baixa ou ausente. A transmissão ocorre através de contato direto ou próximo com secreções contaminadas, como gotículas”.

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O quadro do VSR pode durar até duas semanas, e os sintomas podem evoluir rapidamente em pessoas idosas e imunodeprimidas¹‚⁴‚⁵: “Em média a doença dura de 5 a 14 dias. A transmissão ocorre de 3 a 8 dias, mas imunodeprimidos podem transmitir por até 14 dias. Os sintomas podem evoluir com falta de ar, dificuldade de respirar e chiado no peito”, analisa a Dra. Lessandra Michelin.

VSR e as comorbidades

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A infecção pelo VSR pode dificultar a vida de pessoas adultas que já lidam com outros problemas de saúde, mesmo se o indivíduo for mais jovem.³‚⁶‚⁷ Pessoas que vivem com condições como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), asma, diabetes e insuficiência cardíaca são mais suscetíveis a tipos mais graves da doença, e correm mais risco de hospitalização.³‚⁶‚⁷

“Com o passar dos anos, conforme vamos envelhecendo, o nosso sistema imunológico normalmente vai enfraquecendo e, com isso, tem mais dificuldade em combater infecções. E, em indivíduos adultos e idosos que possuem comorbidades, esse risco é ainda maior. Estudos mostram que a infecção por VSR pode ser uma causa significativa de exacerbações de DPOC e asma. Idosos com DPOC podem ter até 13 vezes mais probabilidade de serem hospitalizados devido a complicações do VSR. Portadores de asma podem ter até 3,6 vezes mais possibilidade de hospitalizações, e aqueles que têm diabetes podem ter até 6,4 vezes mais. Já para idosos com insuficiência cardíaca congestiva, a doença também pode ser preocupante: eles possuem até 7,6 vezes mais riscos de serem hospitalizados”⁶‚⁸ , explica a Dra. Lessandra Michelin.

Mudanças pós-pandemia da Covid-19

Pós-pandemia, especialistas entrevistados apontam para uma mudança no padrão de contágio.²‚⁹‚¹⁰

“O que sabemos é que, após a pandemia, houve um aumento de circulação do VSR em todas as faixas-etárias. Ele perdeu aquela sazonalidade e passou a circular de forma mais intensa no mundo inteiro. Com o isolamento durante o período pandêmico, há uma redução do número de pessoas que têm anticorpos desenvolvidos a partir da exposição ao VSR, principalmente em relação às crianças, que são os grandes transmissores. As crianças se infectam e transmitem isso dentro de casa para os adultos, inclusive pais e avós”, analisa o Dr. Alberto Chebabo (CRM 477743-RJ), Diretor Médico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/UFRJ e Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia de 2022 a 2025. 

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Para Chebabo, outra questão importante é que a pandemia trouxe uma maior acessibilidade a exames de biologia molecular, facilitando o diagnóstico preciso do VSR. “Hoje, passamos a fazer o diagnóstico do que antigamente a gente chamava de virose. O que era uma virose que a gente antigamente não sabia o agente etiológico, hoje a gente dá nome: é Covid, é Influenza, é VSR, é Adenovírus… Assim, a gente passa a ter uma noção maior da distribuição desses vírus e vê que o VSR tem uma participação importante em termos de infecção”.

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Contágio

O VSR pode ser transmitido pelo ar, por toque e por objetos contaminados, além de poder permanecer em determinadas superfícies¹¹.

“O vírus pode permanecer viável em mãos contaminadas por mais de meia hora, e por algumas horas na superfície de objetos contaminados, dependendo do tipo de superfície e da temperatura e umidade do meio ambiente. Crianças e imunocomprometidos infectados excretam vírus por longos períodos, aumentando o risco de transmissões, principalmente em serviços de saúde e instituições de longa permanência.”, alerta a Dra. Tânia do Socorro Souza Chaves.

Além do alto índice de contágio, outro fator importante é que não existe tratamento específico para adultos e idosos com VSR,¹² conforme explica o Dr. Alberto Chebabo. “Esse é um vírus que tem crescido em termos de importância e número de infecções na população com mais de 60 anos, e não temos um tratamento específico antiviral direcionado para essa população”.

Como prevenir:

O VSR não possui um tratamento específico e tem alto potencial de transmissão, a prevenção é feita com cuidados como lavagem de mãos, manter ambientes limpos e ventilados, cuidar para usar um lenço descartável ao tossir ou espirrar. Além dessas medidas, em alguns países, já é possível fazer a prevenção através de vacinação indicada para adultos com 60 anos ou mais ¹²¯¹⁴.

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Material dirigido ao público geral. Por favor, consulte o seu médico.

NP-BR-RSA-JRNA-240003– MAR/2024

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Referências:

1. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Respiratory Syncytial Virus Infection (RSV) Symptoms and Care. Disponível em: <https://www.cdc.gov/rsv/about/symptoms.html> Acesso em: 23 de janeiro de 2024.     

2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Vírus sincicial respiratório (VSR). Disponível em: <https://familia.sbim.org.br/doencas/virus-sincicial-respiratorio-vsr>. Acesso em: 23 de janeiro de 2024.

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3. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Respiratory Syncytial Virus Infection (RSV). RSV in older adults and adults with chronic medical conditions. Disponível em: <https://www.cdc.gov/rsv/high-risk/older-adults.html>. Acesso em: 26 de dezembro de 2023

4. MAYO CLINIC. Respiratory syncytial virus (RSV). RSV symptoms and causes. Disponível em: <https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/respiratory-syncytialvirus/symptoms-causes/syc-20353098>. Acesso em: 23 de janeiro de 2024.   

5. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Respiratory Syncytial Virus Infection (RSV). RSV Transmission. Disponível em: <https://www.cdc.gov/rsv/about/transmission.html>. Acesso em: 26 de dezembro de 2023.

6. BRANCHE, Angela R. et al. Incidence of respiratory syncytial virus infection among hospitalized adults, 2017–2020. Clinical Infectious Diseases, v. 74, n. 6, p. 1004-1011, 2022.

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7. FALSEY, Ann R. et al. Risk factors and medical resource utilization of respiratory syncytial virus, human metapneumovirus, and influenza-related hospitalizations in adults—A global study during the 2017–2019 epidemic seasons (hospitalized acute respiratory tract infection [HARTI] study). In: Open Forum Infectious Diseases. US: Oxford University Press, 2021. p. ofab491.    

8. PAPI, Alberto et al. Respiratory syncytial virus prefusion F protein vaccine in older adults. New England Journal of Medicine, v. 388, n. 7, p. 595-608, 2023.

9.THE BRAZILIAN JOURNAL OF INFECTIOUS DISEASES. Casos graves de Vírus Sincicial Respiratório em anos de pandemia: uma análise retrospectiva da base de dados do SIVEP-GRIPE no Brasil (2020-2022). Volume 27, Supplement 1, October 2023. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1413867023003896>. Acesso em: 23 de janeiro de 2024.

10. SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. Nota técnica. Vírus sincicial respiratório em adultos no Brasil. Disponível em: <https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2023/11/Virus-Sincicial-Respiratorio-em-adultos-no-Brasil-1.pdf> Acesso em 02 Fev. 2024

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11. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Respiratory Syncytial Virus Infection (RSV). RSV transmission. Disponível em: <https://www.cdc.gov/rsv/about/transmission.html>. Acesso em: 26 de dezembro de 2023.

12. Aljabali, A. A., Obeid, M. A., El-Tanani, M., & Tambuwala, M. M. (2023). Respiratory syncytial virus: an overview. Future Virology, 18(9), 595-609.

13. NAM, Hannah H.; ISON, Michael G. Respiratory syncytial virus infection in adults. bmj, v. 366, 2019.

14. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Respiratory Syncytial Virus Infection (RSV). RSV Prevention. Disponível em: <https://www.cdc.gov/rsv/about/prevention.html>. Acesso em: 26 de dezembro de 2023.

Fonte: GSK
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