No dia do seu aniversário, em 20 de junho de 2022, a vida do funcionário público William Freitas passou por uma reviravolta. Após o almoço em família para comemorar a data, sua esposa, Camila Dotto, resolveu passar no laboratório para pegar um exame e recebeu o temido diagnóstico: câncer de mama.
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“Chorou muito, foi pesquisar no Google, entrou em contato com o médico e já começou o tratamento”, relembra. E foi por Camila que William correu a 62ª edição da Corrida e Caminhada Contra o Câncer de Mama, no último domingo, 12, em evento promovido pelo IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer), para a conscientização e prevenção do câncer de mama.
A esposa tinha a intenção de correr, ganhou um kit em 2023, mas estava muito debilitada para participar. Camila morreu no dia 24 de julho de 2024, pouco mais de dois anos após a descoberta da doença, aos 36 anos.
Durante todo o tratamento, William e Camila fizeram questão de incluir a filha, Sofia, hoje com 8 anos. E coube ao pai e a filha a missão de cortar o cabelo da mãe durante a quimioterapia. “Nós sempre fomos transparentes. Ela participou de todo o processo sempre que possível, e de forma mais leve. Fizemos disso [corte de cabelo] um momento alegre, com música, sempre unidos.”
“A Sofia é quem me dá forças, neste primeiro ano passamos tudo junto: as datas comemorativas, as festas e no aniversário de 8 anos. Sofia quis uma festa, o tema foi Ana Castela, mas eu não queria fazer retrospectiva de fotos porque sabia que teria um impacto emocional. Sofia fez questão. No dia da festa, há uma foto nossa, de mãos dadas, lágrimas rolando e a foto da mãe ao fundo. É Sofia que me motiva todos os dias a seguir”, diz William.
Tratamento
De acordo com o funcionário público, a esposa fez tudo o que estava ao seu alcance: mastectomia e quimioterapia. Quando terminou as sessões, a família fez um cruzeiro para celebrar. Em 2023, eles conseguiram realizar o sonho de conhecer a Disneylândia.
“Alugamos um carrinho para que a Camila pudesse se locomover nos parques e foi uma experiência tão bacana que decidimos que voltaríamos com toda a família, criamos um grupo no Whatsapp e a ideia era voltar neste ano, em 2025”, recorda. “Depois que ela faleceu, o grupo ficou um pouco parado, mas reativamos e fomos viajar usando uma camiseta em homenagem a ela”, conta.
Durante todo esse período, a corrida foi uma válvula de escape para William. “Não podíamos passear muito, tinha de cuidar da Sofia, da casa e correr cumpria esse papel de sair. Hoje, corri em homenagem a minha esposa e pretendo correr todos os anos.”