Belo Horizonte não recebeu o título de Capital da Corrida de Rua por acaso. A relação da cidade com a modalidade foi construída ao longo de décadas e envolve uma combinação de fatores que vão desde o relevo desafiador até o forte engajamento popular com o esporte. Esse protagonismo foi oficialmente reconhecido no dia 24 de novembro, quando a Prefeitura de BH instituiu, por decreto, o título que coloca a capital mineira como referência nacional na corrida de rua.
Um dos principais diferenciais está na própria geografia urbana. As longas subidas e descidas técnicas moldaram corredores mais resistentes e versáteis, acostumados a treinos exigentes. Em Belo Horizonte, correr significa lidar com variações constantes de terreno, característica que influencia diretamente a formação de atletas mais preparados para provas de diferentes perfis.
Essa cultura se reflete na ocupação cotidiana dos espaços públicos. Parques, avenidas e regiões simbólicas da cidade se tornaram pontos tradicionais de treino, reunindo corredores iniciantes, grupos de assessorias esportivas e atletas de elite. A corrida de rua passou a integrar a rotina da população e a identidade esportiva da capital mineira.
O calendário de eventos reforça esse cenário. Belo Horizonte abriga provas tradicionais e recebe etapas de grandes circuitos nacionais, como o Circuito de Corridas CAIXA/Brazil Run Series, considerado o mais longevo do país. A etapa realizada neste domingo (14) contou com percursos de 5 km e 10 km, além da caminhada de 5 km, e levou milhares de corredores às ruas da cidade nas primeiras horas da manhã.
Além do grande volume de participantes amadores, a capital mineira também atrai atletas de alto rendimento. O pelotão de elite reuniu nomes internacionais, como os quenianos Dismas Nyabira Okioma e Naum Jepchirchir, além de corredores brasileiros em destaque no cenário nacional. Essa convivência entre esporte participativo e competição de alto nível fortalece o papel de Belo Horizonte como polo da corrida de rua.
Outro ponto relevante é o impacto social da modalidade. Ações como a campanha Pegada do Bem, presente em etapas do circuito, incentivam a doação de tênis e ampliam o acesso ao esporte. Iniciativas desse tipo reforçam a corrida de rua como ferramenta de inclusão e ocupação saudável dos espaços urbanos.
Mais do que um título institucional, ser chamada de Capital da Corrida de Rua traduz uma prática viva e cotidiana. Em Belo Horizonte, correr faz parte da paisagem urbana, da cultura esportiva e da forma como a cidade se movimenta, reconhecimento que reflete a relação contínua entre população, esporte e cidade.
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