Maio Roxo: entenda as doenças inflamatórias intestinais

As principais Doenças Inflamatórias Intestinais são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, que têm a alimentação como parte fundamental do tratamento

25 mai 2024 - 19h00
(atualizado às 20h26)

Estamos no Maio Roxo, mês de conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs). Segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), essas condições afetam mais de cinco milhões de pessoas no mundo, e sua prevalência vem aumentando no Brasil.

Maio Roxo: entenda as Doenças Inflamatórias Intestinais
Maio Roxo: entenda as Doenças Inflamatórias Intestinais
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

As DIIs representam o grupo de doenças inflamatórias do trato digestivo, de caráter imunomediado. As mais comuns são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. 

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De acordo com a gastroenterologista Priscilla Huguenin, da Segmedic, as Doenças Inflamatórias Intestinais acometem adultos, crianças e idosos, e apresentaram um aumento expressivo de casos nos últimos anos.

"É crucial aumentar a conscientização sobre as DIIs para promover a compreensão e o apoio às pessoas afetadas por essas condições, além de alertar sobre os sintomas e promover o diagnóstico precoce", alerta a especialista. 

Sintomas e causas

Segundo o também gastroenterologista do Hospital & Clínica São Gonçalo, Eric Pereira, os principais sintomas das Doenças Inflamatórias Intestinais são gastrointestinais. Isto é, dor abdominal, diarreia, sangue nas fezes, distensão e perda de peso. Além disso, os pacientes podem apresentar sinais gerais, como dor nas articulações, anemia, febre e lesões nos olhos e na pele.

Priscilla aponta que os sintomas podem aparecer agudamente e desaparecer com o tratamento ou espontaneamente, mas ainda retornar após um período de calmaria, caracterizando-as como doenças crônicas. "As formas variam de leve a grave, sendo que há maiores chances de desenvolvimento de câncer de cólon e reto",  alerta. 

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"É uma doença autoimune, em que o sistema imunológico ataca o próprio organismo e ainda não se sabe o motivo. Fatores genéticos ou estresse, alimentação, hábitos de vida, tabagismo e até o excesso de proteção podem estar envolvidos na taxa da doença", explica Eric.

Diagnóstico e tratamento

Em relação ao diagnóstico, Priscilla esclarece que envolve uma combinação de exames. "O diagnóstico das DIIs muitas vezes envolve uma combinação de exames físicos, exame de sangue, de imagem, colonoscopia e biópsia", explica. 

No entanto, segundo a médica, as DIIs podem ser desafiadoras de diagnosticar devido a sobreposição de sintomas com outras condições gastrointestinais. "Tanto a Doença de Crohn quanto a Retocolite Ulcerativa são doenças em que as causas ainda não estão totalmente conhecidas", aponta.

Portanto, segundo a especialista, não existe uma cura comprovada, apenas tratamento efetivo. "Isto quando iniciado precocemente e com bom acompanhamento de especialista", afirma Priscilla, acrescentando que o tratamento é multidisciplinar, envolvendo gastroenterologista, nutricionista e, em alguns casos, psicólogo. "Os medicamentos são frequentemente prescritos para controlar a inflamação e aliviar os sintomas".

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Eric salienta ainda que o é diferente entre a doença de Crohn e a RCU. "A doença de Crohn tem um perfil de agressão diferente, podendo acometer da boca até o ânus e ainda envolver todas as camadas dos órgãos. A RCU só afeta o reto e intestino grosso, de forma um pouco mais superficial", explica. 

Por isso, o tratamento da doença de Crohn sempre vai ser com medicações que diminuem a imunidade (imunossupressores) enquanto que na RCU é bem menos frequente a necessidade dessa classe, sendo possível o uso de uma medicação "anti-inflamatória" intestinal.

Importância da alimentação para as Doenças Inflamatórias Intestinais 

Os pacientes com DIIs possuem um maior risco de carências nutricionais e precisam focar em uma nutrição reforçada de suplementos alimentares. Portanto, é fundamental ter uma alimentação variada com boa qualidade proteica, tendo equilíbrio entre os carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais. Desta forma, uma dieta aliada ao tratamento medicamentoso auxilia no controle das crises. 

"O tipo de alimentação varia muito se o indivíduo está em atividade de doença ou não, pois dependendo da região afetada pode ocorrer dificuldade na absorção intestinal, que pode piorar uma diarreia, por exemplo. Além disso, em alguns casos a perda de nutrientes é tão grande que o paciente pode ficar desnutrido", alerta Eric.

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Por serem doenças crônicas, o tratamento precisa ser feito ao longo da vida, de forma constante. Além disso, é importante também lembrar que a prática da atividade física regular pode ajudar o paciente a ter uma qualidade de vida melhor, manejando além dos sintomas o estresse gerado pela doença.

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