A Johnson & Johnson (J&J) e subsidiárias foram ordenadas a pagar mais de US$ 1,5 bilhão (o equivalente a cerca de R$ 8,2 bi) a uma mulher que alega que anos de exposição ao amianto que estava presente em produtos à base de talco da companhia fizeram com que ela desenvolvesse mesotelioma peritoneal, um tipo raro de câncer que atinge a membrana que reveste o abdômen. J&J diz que irá apelar da decisão do júri. As informações são da Reuters.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Segundo a agência, o caso foi tocado por jurados do Tribunal de Circuito da Cidade de Baltimore, em Maryland, nos Estados Unidos. A decisão saiu na última segunda-feira, dia 22, envolvendo a empresa, duas de suas subsidiárias e a Kenvue (empresa que antes integrava a divisão de Saúde do Consumidor da Johnson & Johnson e agora, após cisão, é independente desde 2023).
As partes são apontadas como responsáveis por não alertar a mulher, que se chama Cherie Craft, que o talco para bebês que usava continha amianto.
Ela foi diagnosticada com o câncer em janeiro do ano passado. Sua indenização inclui US$ 59,84 milhões (R$ 330,4 milhões em danos compensatórios), US$ 1 bi (R$ 5,5 bi) em danos punitivos contra a Johnson & Johnson e US$ 500 milhões (R$ 2,7 bi) contra a Pecos River Talc, uma das subsidiárias da empresa.
“Cherie Craft dirige uma organização sem fins lucrativos onde dedica sua vida a ajudar os outros. Seu câncer era evitável. Ela usou o Johnson’s Baby Powder todos os dias de sua vida até ser diagnosticada com câncer”, disse Jessica Dean, sócia da Dean Omar Branham Shirley, que representou a mulher.
Já a Johnson & Johnson chama a decisão de inconstitucional. “Apelaremos imediatamente deste veredito”, afirma Erik Haas, vice-presidente mundial de litígios da J&J em comunicado. Para ele, a decisão resultou de “erros grosseiros” do tribunal de primeira instância e segue “em desacordo” com a maior parte de outros casos de talco nos quais a empresa foi envolvida. “Esses processos são baseados em ciência lixo”, acredita.
Ainda segundo a Reuters, a empresa enfrenta processos de mais de 67 mil pessoas que dizem ter sido diagnosticadas com câncer após usar o pó de talco para bebês e outros produtos de talco do tipo. A J&J nega as acusações.
A companhia parou de vender pó de talco para bebês em 2020 nos Estados Unidos e, globalmente, em 2023. Agora são fornecidas alternativas do produto à base de amido de milho.