Caso raro no Brasil: jovem se prepara para reconstrução facial com prótese feita em impressora 3D

Fábio Zavatini precisou retirar parte da mandíbula durante o tratamento de câncer

16 nov 2025 - 05h00
Resumo
Fábio Zavatini, que perdeu parte da mandíbula devido a um câncer na infância, se prepara para uma reconstrução facial inédita no Brasil com prótese feita em impressora 3D, buscando melhorar funções vitais e resgatar sua autoestima.
Fábio Zavatini
Fábio Zavatini
Foto: Arquivo pessoal

Fábio Zavatini tinha apenas 6 anos quando recebeu o diagnóstico de um rabdomiossarcoma no lado esquerdo da mandíbula. O câncer mudou sua vida completamente e, agora, aos 28, ele se prepara para uma nova etapa: a reconstrução do rosto com uma prótese feita em impressora 3D.

A busca pela nova cirurgia começou após o término de um relacionamento de oito anos, quando a aparência voltou a incomodá-lo. Durante as pesquisas, Fábio encontrou uma empresa em Brasília que o encaminhou ao cirurgião-dentista Magno Liberato.

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“No início, eu não tinha esperança alguma, pois sabia que a cirurgia era cara e não tínhamos dinheiro para fazer”, contou. 

O caso de Fábio é inédito no Brasil

O Dr. Magno Liberato explicou que a cirurgia de Fábio foi dividida em duas etapas. Na primeira, realizada em setembro deste ano, foi feito um transplante microvascularizado de pele, músculo e gordura, retirados da coxa de Fábio e implantados na região entre a parte inferior da mandíbula e o pescoço.

“A necessidade é que a pele e a musculatura atual da mandíbula e pescoço do paciente estão totalmente atrofiadas, finas e frágeis, por já terem recebido radiação na época do tratamento do câncer”, explicou o cirurgião-dentista.

A previsão é que a segunda etapa da cirurgia seja realizada entre dois e três meses após o primeiro procedimento, período necessário para que o transplante se integre totalmente ao corpo e se recupere para uma intervenção de maior porte. No entanto, a reconstrução definitiva está prevista para ocorrer entre janeiro e fevereiro de 2026.

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Com 13 anos de carreira, o Dr. Magno Liberato afirma que nunca havia encontrado um caso como o de Fábio no país. “Já operamos casos semelhantes, mas de tamanha complexidade, como é o caso do Fábio, é inédito para nós, e extremamente raro no Brasil”.

Fábio antes e depois da cirurgia para retirada do câncer
Foto: Arquivo pessoa

Histórico de cirurgias e trauma da primeira tentativa

Esta não é a primeira vez que Fábio passa por uma reconstrução facial. Aos 11 anos, ele realizou a primeira cirurgia, que remodelou um osso retirado da fíbula esquerda para substituir parte da mandíbula. Porém, complicações abriram os pontos e causaram uma infecção grave, levando à perda do enxerto.

“Os pontos do rosto foram abrindo ao ponto de ser possível ver o osso dentro do meu rosto”, lembrou.

Um ano depois, ele precisou retornar ao centro cirúrgico para refazer o procedimento, desta vez, retirando o osso da fíbula direita. Embora a nova cirurgia tenha sido bem-sucedida, surgiram dois problemas: não foi possível inserir uma articulação, o que gerou sobrecarga do lado direito da face; além disso, como Fábio ainda estava em fase de crescimento, o osso implantado não acompanhou o desenvolvimento natural.

Na nova cirurgia de reconstrução, será instalada uma prótese de titânio mandibular completa do lado esquerdo até o outro lado do rosto, juntamente com uma nova articulação artificial temporomandibular.

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“Através da tomografia computadorizada do paciente, é feito todo um planejamento virtual para individualizarmos qual será o tamanho e o formato ideal para o material se adaptar ao corpo do paciente”, explicou Liberato.

Apesar disso, o trauma da primeira cirurgia ainda gera receio. “Eu ainda tenho medo, acho que é um dos traumas que carrego, mas sei que essa cirurgia vai ajudar muito na minha qualidade de vida”, contou Fábio.

Impacto na autoestima

A reconstrução deve melhorar funções como mastigação, respiração e fala, além de trazer ganhos na aparência. Para Fábio, isso representa uma chance de resgatar sua autoestima.

“Não vou ficar perfeito, mas só de melhorar um pouco já iria aumentar a minha autoestima”, disse.

Ele contou que, enquanto na infância não se preocupava com a aparência, a adolescência foi um período difícil. A vergonha do rosto o fez se isolar e tentar disfarçar a própria imagem.

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“Saía só pra ir para a escola e mesmo assim tentava me esconder. Comecei a usar blusas de frio até mesmo no calor, só pra usar o capuz. Deixei o cabelo crescer só pra tentar esconder o rosto, e acho que isso mais chamava atenção do que me escondia”, recordou, com bom humor.

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Fonte: Portal Terra
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