Tireoide: novo estudo brasileiro promete sanar lacunas sobre o tema

4 dez 2025 - 16h12
(atualizado às 16h12)
Resumo
Novo estudo da Unicamp, com apoio da Merck Brasil, busca atualizar diretrizes sobre hipotireoidismo, analisando o perfil dos pacientes, adesão ao tratamento e causas de sintomas persistentes, visando melhorar o manejo da doença que afeta milhões de brasileiros.
Foto: Divulgação

Depois de mais de uma década sem avanços expressivos na reposição hormonal da tireoide no Brasil, a Unicamp iniciou um novo estudo sobre hipotireoidismo, com apoio da Merck Brasil.

Liderada pelos endocrinologistas Danilo Villagelin e Laura Sterian Ward, a pesquisa pretende traçar o perfil do paciente brasileiro em tratamento, avaliando taxa de controle hormonal, adesão terapêutica e, em casos específicos, análises moleculares para entender sintomas persistentes. O objetivo é gerar evidências que contribuam para a revisão e o aprimoramento das diretrizes clínicas atuais.

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O movimento reforça o protagonismo da ciência brasileira no manejo das disfunções da tireoide, área em que o país se destaca por seus centros de excelência e grupos de pesquisa consolidados.

Apesar de ser uma das doenças endócrinas mais prevalentes do mundo, o hipotireoidismo ainda tem baixa visibilidade pública. No Brasil, estima-se que atinja 7,4% da população — número que sobe para 12,8% quando incluída a forma subclínica, frequentemente ignorada pela sutileza dos sintomas.

O tratamento inadequado pode comprometer a qualidade de vida, influenciar o humor e elevar o risco cardiovascular. A forma subclínica, embora discreta, duplica a probabilidade de eventos cardíacos e se associa a dislipidemia, hipertensão e resistência à insulina.

O cenário nacional evidencia o desafio: cerca de 16 milhões de brasileiros convivem com hipotireoidismo clínico e 10,6 milhões com a forma subclínica. Ainda assim, apenas 62% dos pacientes com diagnóstico clínico recebem tratamento — percentual que cai para 5% no subclínico. A América do Norte e a Europa registram cerca de 85% de tratamento; a média na América Latina é de 64%.

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A adesão terapêutica também preocupa. Embora a levotiroxina seja eficaz, entre 30% e 40% dos pacientes não atingem metas hormonais — seja por falhas de absorção, interações medicamentosas ou dificuldade em seguir corretamente as recomendações de uso. O subtratamento tem impacto direto na saúde e no bem-estar.

Nesse sentido, o estudo da Unicamp, conduzido em parceria com outras instituições, busca preencher lacunas relevantes e atualizar o retrato do manejo do hipotireoidismo no país. A iniciativa reforça a necessidade de estratégias mais eficientes de diagnóstico, educação em saúde e acompanhamento clínico.

O enfrentamento exige integração entre ciência, inovação, políticas públicas e campanhas que incentivem o reconhecimento precoce dos sintomas. O cuidado com a tireoide vai além da medicação: demanda atenção contínua, visão de longo prazo e compromisso com o bem-estar de milhões de brasileiros.

(*) Arnaud Coelho é presidente da Merck Brasil.

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