Por que o Brasil não tem esquilos, tão comuns em quase todo o mundo?

Descubra por que o Brasil não tem esquilo e entenda a história, habitat e curiosidades dos esquilos pelo mundo em uma análise surpreendente

11 dez 2025 - 15h03

Em muitas regiões do mundo, é comum ver esquilos correndo por parques, escalando árvores e disputando alimentos com aves. Na América do Norte, na Europa e em partes da Ásia e da África, esses pequenos mamíferos fazem parte da paisagem urbana e rural. No Brasil, porém, a cena é diferente: apesar da grande diversidade de animais silvestres, os esquilos típicos de desenho animado não aparecem nas florestas brasileiras.

Essa ausência costuma gerar curiosidade em quem observa a fauna nacional. O país abriga espécies emblemáticas, como macacos, antas, tamanduás e onças, mas não apresenta representantes do grupo de esquilos do gênero Sciurus, tão comuns no hemisfério norte. A explicação envolve fatores históricos, biogeográficos e evolutivos que ajudam a entender por que determinadas espécies se distribuem em alguns continentes e não em outros.

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Por que o Brasil não tem esquilo como os da América do Norte?

A palavra-chave central aqui é esquilo, entendida principalmente como os roedores arborícolas típicos de florestas temperadas do hemisfério norte. Esses animais pertencem a certos gêneros que evoluíram e se diversificaram em regiões específicas, sobretudo na América do Norte, Europa e Ásia. Essa linhagem não se expandiu naturalmente até a América do Sul, o que explica por que o Brasil não possui esquilo "clássico", de cauda farta e hábitos marcantes em parques de países de clima temperado.

Além disso, a história geológica dos continentes influencia a distribuição de mamíferos. Durante milhões de anos, a América do Sul esteve relativamente isolada, desenvolvendo uma fauna própria. Mesmo após a formação do istmo do Panamá, que conectou as Américas, não houve colonização significativa da América do Sul por esquilos típicos do norte. Outros grupos de roedores, como cutias, pacas e preás, ocuparam nichos semelhantes, reduzindo espaço ecológico para a chegada e o estabelecimento de espécies de esquilo do hemisfério norte.

Outro ponto relevante é o clima. Muitos esquilos clássicos são adaptados a ambientes de florestas temperadas, com estações bem definidas e períodos de frio intenso. O Brasil, em grande parte do território, apresenta clima tropical ou subtropical, com outra dinâmica de disponibilidade de alimento e vegetação. Nessas condições, outras espécies de roedores arborícolas ou terrestres acabaram se destacando e ocupando as funções de dispersores de sementes e consumidores de frutos, papel que, em outros continentes, costuma ser associado aos esquilos.

A fauna brasileira seguiu um caminho evolutivo próprio: cutias, pacas e outros roedores ocuparam nichos que, em outros continentes, pertencem aos esquilos – depositphotos.com / EdZbarzhyvetsky
A fauna brasileira seguiu um caminho evolutivo próprio: cutias, pacas e outros roedores ocuparam nichos que, em outros continentes, pertencem aos esquilos – depositphotos.com / EdZbarzhyvetsky
Foto: Giro 10

Existem animais parecidos com esquilos no Brasil?

Embora o Brasil não tenha o esquilo típico norte-americano ou europeu, o país abriga roedores que lembram, em parte, o comportamento ou o papel ecológico desses animais. Em muitas áreas florestais, por exemplo, há cutias e pacas, que enterram sementes e frutos, ajudando na regeneração da mata. Esses animais não são esquilos, mas cumprem funções semelhantes na dispersão de plantas e na dinâmica dos ecossistemas.

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Há também pequenos roedores arborícolas que podem ser confundidos de longe com esquilos, especialmente por causa do hábito de subir em árvores e se alimentar de frutos e sementes. No entanto, esses animais pertencem a outros grupos taxonômicos e não ao mesmo gênero dos esquilos clássicos. Na prática, o ambiente brasileiro não ficou "vazio"; apenas foi preenchido por espécies diferentes, adaptadas à história evolutiva local.

  • Roedores terrestres, como cutias, pacas e capivaras.
  • Roedores arborícolas menores, que exploram galhos e copas.
  • Outros frugívoros, como aves e primatas, que também dispersam sementes.

Esses grupos, somados, ocupam parte dos nichos ecológicos que, em outras regiões, são dominados por esquilos. Assim, o equilíbrio ambiental se mantém, mesmo sem a presença da espécie icônica conhecida em países de clima temperado.

O que a ausência de esquilo revela sobre a fauna brasileira?

A ausência do esquilo clássico no Brasil destaca a especificidade da fauna sul-americana. A região passou por uma trajetória evolutiva própria, resultando em uma composição de espécies distinta daquela observada em outros continentes. Em vez de esquilos, as florestas brasileiras apresentam primatas de pequeno a grande porte, uma enorme variedade de aves frugívoras, além de roedores de diferentes tamanhos que exercem funções ecológicas diversas.

Para entender essa realidade, é útil considerar três aspectos principais:

  1. História geológica: longos períodos de isolamento da América do Sul permitiram o surgimento de grupos exclusivos.
  2. Clima e vegetação: formações tropicais e subtropicais favorecem outros tipos de roedores e frugívoros.
  3. Competição e nichos ecológicos: espaços ocupados por espécies já estabelecidas dificultam a entrada e permanência de novos grupos, como os esquilos típicos do norte.

Ao observar a falta de esquilos clássicos no Brasil, o que aparece não é uma "lacuna" na natureza, mas um retrato de como a biodiversidade se organiza de forma diferente em cada região do planeta. A fauna brasileira apresenta soluções próprias para funções ecológicas que, em outras áreas, são desempenhadas por esquilos, reforçando a ideia de que cada bioma desenvolve combinações singulares de espécies ao longo do tempo.

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A ausência de esquilos típicos revela a singularidade da biodiversidade do país, moldada por clima, história geológica e espécies já estabelecidas – depositphotos.com / Jarrycz
Foto: Giro 10
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