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Festa Junina: conheça a origem da celebração

Originalmente, o evento reunia populações para celebrar a mudança de estação e a chegada de um período mais fértil

21 jun 2025 - 17h37

Todos os anos, no mês de junho, os brasileiros vão às quermesses, se reúnem em volta de fogueiras e saboreiam comidas e bebidas típicas para celebrar três santos católicos. Mas você sabia que, originalmente, a festa junina não tinha relação com a religião cristã e fazia parte de rituais pagãos de povos do hemisfério norte? Entenda:

Originalmente, a festa junina reunia populações para celebrar a mudança de estação e a chegada de um período mais fértil
Originalmente, a festa junina reunia populações para celebrar a mudança de estação e a chegada de um período mais fértil
Foto: Canva Equipes/rimmabondarenko / Bons Fluidos

Origem da festa junina

Em entrevista à 'BBC', o pesquisador de culturas populares Alberto Tsuyoshi Ikeda explicou que o costume surgiu com antigas civilizações, que faziam grandes eventos pagãos para celebrar a mudança de estação e o período de plantio. Semelhante aos dias atuais, naquela época, a comemoração também era longa, durando até um mês.

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"A primavera era bastante celebrada. Exaltavam o reingresso da vida mais dinâmica, o rebrotar da natureza e das atividades depois do período do inverno. Um momento sempre de muita dificuldade, luta pela sobrevivência e recolhimento", apontou.

Assim, de acordo com especialistas, para os povos da Europa, do Oriente Médio e da África, a festa junina também servia como um ritual para atrair fertilidade agrícola. "Eram cultos para que a colheita fosse farta. Era uma fase de congraçamento, de partilha e estabelecimento de alianças entre as comunidades. Ritos de abundância em todos os sentidos, no âmbito alimentar e na relação entre as famílias: casamentos, batizados e compadrio", afirmou a a socióloga Lucia Helena Vitalli Rangel.

A tradição se incorporou à religião cristã, no entanto, somente em 380 d.C, quando a Igreja Católica começou a expandir e a assimilar hábitos pagãos. Para isso, a instituição atribuiu a festividade aos santos do mês de junho: Antônio, João Batista e São Pedro. Desta forma, o evento passou a estar associado mais à imagem de São João Batista do que à mudança de estação.

Mas, na opinião de estudiosos, mesmo com a alteração, a festa junina continuou ligada aos ideais das populações antigas. Isso porque as novas santidades representativas também estão são símbolos de fartura, união, vínculos e comemoração.

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Chegada no Brasil

Muito presentes na Europa, os eventos juninos foram introduzidos ao povo brasileiro pelos colonizadores portugueses. No entanto, no país, a comemoração adquiriu características próprias ao incorporar elementos das culturas indígena e africana. Alguns exemplos são a fogueira, os pratos tradicionais com milho, mandioca ou amendoim, e o uso do instrumento zabumba.

"As festas juninas são expressão simbólica do imaginário devocional e cultural brasileiro. Ocorrem muitas orações, simpatias e à consciência simbólica de que o ano chegou à sua metade. Elas convidam cada um de nós a olhar para trás, agradecer, e reacender a fé", disse a professora Ana Beatriz Dias Pinto, para a 'Agência Brasil'.

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