Dormir com a TV ligada é relaxante, mas pode causar prejuízos ao sono, diz especialista

Entenda por que dormir com a televisão ligada pode acalmar a mente, mas também interferir na melatonina, fragmentar o sono e afetar a saúde ao longo do tempo

15 dez 2025 - 17h06

Para muita gente, adormecer com a TV ligada faz parte do ritual noturno. O som de um programa conhecido, a luz suave ao fundo e a sensação de não estar em silêncio absoluto podem trazer alívio imediato depois de um dia intenso. Mas, segundo especialistas em sono, esse hábito tão comum pode ter efeitos ambíguos: ao mesmo tempo em que acalma, também pode prejudicar a qualidade do descanso.

Dormir com a TV ligada traz conforto emocional para muitas pessoas, mas pode prejudicar a qualidade do sono; saiba o que diz a psicologia
Dormir com a TV ligada traz conforto emocional para muitas pessoas, mas pode prejudicar a qualidade do sono; saiba o que diz a psicologia
Foto: Reprodução: Canva/bleex / Bons Fluidos

A psicóloga Chivonna Childs, da Cleveland Clinic, observa que dormir com a TV ligada é mais frequente do que se imagina. Para ela, o comportamento tem forte ligação emocional e sensorial. "É relaxante, é tranquilizador para nós, quase como ter um ruído branco", observa ela. 

Publicidade

Além disso, recorrer a filmes ou séries antes de dormir costuma funcionar como uma estratégia para afastar pensamentos acelerados, ansiedade ou até a sensação de solidão que aparece no fim do dia.

O que acontece com o cérebro quando a TV fica ligada à noite

O problema é que o conforto inicial nem sempre se traduz em sono restaurador. A exposição à luz artificial da televisão, especialmente à chamada luz azul, interfere diretamente em mecanismos biológicos fundamentais para dormir bem.

Esse tipo de luz pode inibir a liberação de melatonina, hormônio responsável por sinalizar ao corpo que é hora de descansar. Sem essa sinalização adequada, o sono tende a ficar mais superficial e fragmentado.

Outro ponto de atenção é o conteúdo assistido antes de pegar no sono. Histórias muito intensas, noticiários ou programas de crimes reais podem aumentar a ativação emocional e acabar se refletindo nos sonhos e no estado de alerta do cérebro. Por isso, a psicóloga recomenda cautela nesse momento final do dia. "Quando você estiver adormecendo, seja muito consciente com o que está vendo. Pode ser algo como uma história de amor ou uma comédia", sugere.

Publicidade

Existe algum lado positivo em dormir com a TV ligada?

Apesar das ressalvas, os estudos não apontam apenas desvantagens. Em alguns casos, a televisão pode cumprir uma função semelhante ao ruído branco. Pesquisas indicam que sons constantes e previsíveis ajudam certas pessoas a adormecer, especialmente aquelas que se incomodam com o silêncio absoluto.

Outro ponto é que a TV emite menos luz azul do que celulares, tablets e computadores. Além disso, conteúdos familiares, como uma série já conhecida, podem reduzir o estresse e facilitar o relaxamento mental, funcionando quase como um "fundo seguro" para o cérebro desacelerar.

Quando o hábito começa a atrapalhar a saúde

Mesmo assim, manter a TV ligada durante toda a noite pode trazer consequências que vão além do cansaço matinal. Estudos associam a exposição contínua à luz noturna a maior risco de ganho de peso, fadiga persistente e alterações de humor, como irritabilidade e aumento do estresse.

Isso acontece porque o cérebro permanece parcialmente ativo, mesmo durante o sono, o que dificulta a entrada em fases mais profundas e reparadoras. Com o tempo, a privação dessas etapas pode afetar a memória, concentração e bem-estar emocional.

Publicidade

Como manter o conforto sem prejudicar o sono

É possível adaptar esse hábito para torná-lo menos prejudicial. Algumas estratégias simples ajudam a preservar o conforto emocional sem comprometer a saúde:

  • Usar o timer da TV, programando o desligamento automático após alguns minutos;
  • Trocar a TV por ruído branco, como ventilador, sons da natureza ou aplicativos específicos;
  • Reduzir a luz do ambiente, garantindo um quarto o mais escuro possível;
  • Criar rituais noturnos, como leitura leve, alongamentos ou exercícios de respiração.

Esses ajustes ajudam o cérebro a entender que é hora de desacelerar, favorecendo um sono mais profundo e contínuo.

Dormir bem é mais do que apagar as luzes

Um sono de qualidade impacta diretamente a memória, o humor, a imunidade e a saúde cardiovascular. Entender como a televisão interfere nesse processo permite fazer escolhas mais conscientes, sem culpa e sem radicalismos.

No fim das contas, não se trata de eliminar totalmente o que traz conforto, mas de encontrar um equilíbrio entre acolhimento emocional e cuidado com o corpo. Às vezes, pequenas mudanças já são suficientes para transformar a noite - e o dia seguinte também.

Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se