Vereador do RS culpa 'peso das árvores' por deslizamentos e propõe retirada de mata em beiras de estradas

Sandro Fantinel (PL) disse em sessão da Câmara de Caxias do Sul que ‘leis ambientais extremas’ estão ‘impedindo o desenvolvimento’ do Estado

15 mai 2024 - 22h40
(atualizado em 17/5/2024 às 15h00)
Foto: Reprodução/YouTube/ TV Câmara Caxias

O vereador Sandro Fantinel, do Partido Liberal do Rio Grande do Sul, culpou o ‘peso das árvores’ em beiras de estradas por deslizamentos na região durante sessão na Câmara de Caxias do Sul, nesta terça-feira, 14. Para “evitar desastres”, ele afirmou que irá propor um projeto de lei para que sejam retirados 5 metros de vegetação “pra cada lado” das principais estradas do interior do Estado.

“Estamos enfrentando leis ambientais extremas que estão impedindo o desenvolvimento do Rio Grande do Sul por causa do meio ambiente”, começou o vereador, que considera a 'área verde' do Estado como algo negativo. Para ele, a situação em que o Estado se encontra não se trata de um problema ‘do Executivo’ ou de ‘projetos’, mas, sim, de órgãos ambientais que não deixam “tocar” em áreas por conta de nascentes ou matas nativas, como cita.

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“Eu vou apresentar um projeto nesta casa para que em todas as estradas principais do interior sejam retiradas a vegetação 5 metros para cada lado. [...] Porque, o que faz desmoronar? O que faz cair a barreira? O peso das árvores. Porque com os solos encharcados, as raízes não seguram mais. Com o peso, despenca tudo junto com a terra.. E faz todos os desastres que vimos aí”, explicou.

Além disso, Fantinel reforçou sua posição: “Não interessa se é mata nativa, não interessa se é pinheiro, não interessa. O que é que vale? A vida humana. E quantos se perderam nessa situação…”.

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'Fake News'

Na mesma sessão, a fala de Fantinel foi rebatida pelo vereador Rafael Bueno (PDT), professor de Geografia. "Acho que botei meu diploma no lixo... Eu não sei de onde o senhor, nesses grupos de WhatsApp, tira tanta Fake News pra espalhar. Como é que o senhor faz incentivo para o desmatamento?", questionou.

Bueno reforçou que não são "uma ou duas árvores" que irão interferir na situação, mas todo um ecossitema. Além disso, frisou a importância dos órgãos ambientais que fiscalizam e que barram, sim, licenciamentos de áreas que podem afetar o meio ambiente. "Que bom, deveriam olhar mais ainda [pra situação], que aí talvez não tivesse tanto desastre no nosso Estado, no nosso País".

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Nas redes sociais, nesta quarta-feira, ele afirmou que a situação o motivou a propor a criação de uma comissão permanente de Meio Ambiente na Câmara de Vereadores.

Justiça climática

Por mais que a situação tenha acontecido em uma Câmara, ao Terra, Tatiana Oliveira, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), analisa que ainda há ausência do debate sobre justiça climática na esfera pública. Para ela, além de falas como a do vereador, esse é o maior problema em torno da questão.

"Quando os governos falham na sua ação de prevenção e atendimento emergencial às comunidades afetadas, ou quando a decisão política se orienta deliberadamente, como a gente tem visto no Brasil, para o desmonte dos direitos territoriais, não há justiça climática", acredita.

Situação no RS

Na tragédia socioambiental no Rio Grande do Sul, já foram afetadas mais de 2,1 milhão de pessoas, com 149 mortes confirmadas e mais de 538 mil pessoas desalojadas. No total, de 497 municípios, 452 foram atingidos pelas fortes chuvas. Os dados são da última atualização do boletim divulgado pela Defesa Civil, às 18 horas desta quarta-feira, 15.

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Fonte: Redação Terra
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