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'Nós estamos comendo o corpo da terra', alerta líder indígena Ailton Krenak

Declaração foi dada em diálogo entre Ailton Krenak e Sidarta Ribeiro no Encontro Futuro Vivo, nesta terça, 26

26 ago 2025 - 18h53
(atualizado às 19h00)
'Estamos exaurindo pedaços do corpo da Terra que não vão se reconstituir depois', diz Ailton Krenak
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Com os pés descalços, o líder indígena Ailton Krenak entrou no palco do Teatro Vivo, em São Paulo, seguido do neurocientista Sidarta Ribeiro. O diálogo entre os dois no Encontro Futuro Vivo, nesta terça-feira, 26, começou com silêncio. “Estamos em uma ínfima agulha do tempo. Somos bicho pequeno na terra, como diz Drummond”, começou Krenak, dando o tom do bate-papo, que abordou a forma como o ser humano tem se relacionado com o planeta – e o destruído, aos poucos. 

Krenak falou sobre ecologia e como essa palavra foi normalizada na nossa linguagem, transformando-se em mercadoria. “Nós não sabemos,  definitivamente, o que fazer com isso, com a natureza, com a ideia de ecos. Se os gregos já disseram que é a nossa casa, nos últimos três séculos estamos transformando isso numa maquinação terrível de comer a terra”, disse.

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Sidarta, por sua vez, falou sobre a importância de reconhecer que a ciência é necessária para a solução, mas que também faz parte desse problema. Para ele, tudo começa pela arrogância da ciência universitária se considerar a única ciência. 

Ailton Krenak
Ailton Krenak
Foto: Terra

“Sem essa ciência acadêmica universitária estaríamos em maus lençóis. Mas também se não houvesse essa ciência não haveria Nagasaki, Hiroshima, Gaza. Não haveria exploração de petróleo na margem equatorial da floresta amazônica. É triste, é doloroso reconhecer”, disse.

Krenak complementa dizendo que não conhece uma ciência que tenha tecnologia para fazer um novo pedaço de planeta. Só temos um planeta.

“‘Não temos planeta B’. É engracadinho, mas parece que não está comovendo ninguém. [...] Por mais que eu seja capaz de imaginar um paraíso incrível trabalhado pela tecnologia, precisa ter rios, oxigênio, montanhas. E só a Terra produz isso. Tem que vir de dentro”, disse.

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Fonte: Futuro Vivo
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