Turquia é eleita sede da COP31, e Austrália justifica recuo: 'Irresponsável não chegar a um consenso'

País da Oceania recuou e desistiu da candidatura para sediar a conferência em 2026

20 nov 2025 - 10h46
(atualizado às 11h34)
Resumo
A Austrália abriu mão de sediar a COP31, permitindo que a Turquia seja o anfitrião, mas assumirá a presidência das negociações e da pré-COP, destacando a importância de consenso para evitar prejuízos à liderança climática global.
Turquia será a sede da COP31 em 2026
Turquia será a sede da COP31 em 2026
Foto: Darrell Gulin/Getty Images

Após dias de impasse diplomático para definir a sede da 31ª Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP31), a Austrália desistiu de ser anfitriã do evento, em 2026, depois que a Turquia se recusou a retirar sua candidatura. Com o acordo, a Austrália ficará responsável por presidir as negociações da pré-cúpula e da COP31, enquanto a Turquia cederá o espaço para receber a conferência.

Em posicionamento divulgado na manhã desta quinta-feira, 20, o ministro das Mudanças Climáticas e Energia da Austrália, Chris Bowen, afirmou que seria "irresponsável" não chegar a um consenso com a Turquia, tendo em vista que isso faria com que o evento fosse realizado em Bonn, na Alemanha, prejudicando os acordos a serem definidos na COP30, em Belém (PA). Além disso, a conferência também ficaria 12 meses sem um presidente.  

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"Obviamente, seria ótimo se a Austrália pudesse ter tudo. Mas não podemos. Este processo funciona por consenso. E consenso significa que, se alguém se opusesse à nossa candidatura, iria a Bonn. Isso significaria 12 meses sem liderança, sem presidente da COP em exercício e sem um plano. Seria irresponsável para o multilateralismo e para este ambiente desafiador. E não queríamos que isso acontecesse", explicou. 

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Desta forma, Bowen deve ser nomeado como o presidente da COP31 e ficará responsável por definir a agenda das negociações, nomear presidentes e lideranças, além de preparar o texto preliminar das decisões. A Austrália também ficará responsável pela pré-COP. 

"É também uma concessão significativa da Turquia concordar que a Austrália presida a COP para efeitos das negociações. Concessões significativas são necessárias quando se tenta chegar a um consenso. Então, a Turquia seria a presidente da COP para o restante do período e eu seria o presidente da COP para fins de negociações, trabalhando para garantir bons resultados", destacou. 

Para o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, a decisão do país oceânico foi uma "grande vitória", apesar de não ter sido bem recebida por outros países insulares do Pacífico. No entanto, Albanese afirmou que a pré-COP terá como foco o financiamento climático no Pacífico. 

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“Chris Bowen e a Austrália terão a presidência da COP para as negociações antes da conferência na Turquia e também durante o evento. Parte disso será uma reunião pré-COP realizada no Pacífico, em local a ser definido pelos nossos parceiros da família do Pacífico. Isso permitirá convidar líderes mundiais para garantir que as questões que afetam essa região — a própria existência de Estados insulares como Tuvalu e Kiribati, a questão dos oceanos — estejam no centro das atenções. É um resultado extraordinário", comemorou.

Especialistas têm opiniões divididas sobre a decisão. Christiana Figueres, ex-secretária-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), ressaltou que, independentemente da escolha da sede de 2026, é preciso ter um olhar atento às metas do Acordo de Paris.  

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"A decisão sobre o local da COP31 foi definida no limite. Mas o progresso climático que precisamos ver em 2026 depende menos do país anfitrião e mais da aceleração dos inúmeros esforços de descarbonização que vimos na COP30. Todos os países precisam permanecer engajados no mais alto nível e alinhar seus esforços domésticos às metas do Acordo de Paris", afirmou.

Já o gerente do programa de clima e energia limpa da Australian Conservation Foundation, Gavan McFadzean, lamentou o recuo do país em sediar a COP31. 

“É uma grande oportunidade perdida para a Austrália e o Pacífico. As comunidades do Pacífico foram privadas de uma plataforma global importante para mostrar como a inação climática as ameaça existencialmente. Apesar da falha em garantir a COP31, a Austrália continua sendo uma grande emissora global. A melhor forma de demonstrar seriedade seria se comprometer a eliminar gradualmente os combustíveis fósseis para uso doméstico e exportações, contribuindo para a transição global", justificou.

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*Essa reportagem foi produzida como parte da Climate Change Media Partnership 2025, uma bolsa de jornalismo organizada pela Earth Journalism Network, da Internews, e pelo Stanley Center for Peace and Security.

Fonte: Portal Terra
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