Periferias são as mais afetadas pelas mudanças climáticas, diz diretora-executiva da ONU-Habitat

Anacláudia Rossbach enfatizou que pessoas que vivem em assentamentos precários acabam sofrendo mais com o aquecimento global

10 nov 2025 - 20h24
(atualizado às 20h34)
Anacláudia Rossbach, diretora-executiva da ONU-Habitat
Anacláudia Rossbach, diretora-executiva da ONU-Habitat
Foto: UN-Habitat

A diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), Anacláudia Rossbach, afirmou nesta segunda-feira, 10, que as pessoas que moram em regiões vulneráveis, como as favelas brasileiras, são as que mais sofrem com os impactos das mudanças climáticas. A falta de infraestrutura e de serviços básicos torna a adaptação a esse cenário um dos maiores desafios para essas populações. 

“Nossa estimativa é que mais de 20% da população more em assentamentos precários e, ainda assim, são as mais impactadas pelo aquecimento global. Por isso, temos trabalhado em políticas que possam tratar do tema”, explicou durante sua fala no painel "Periferias e justiça climática: desafios e inovações", na Blue Zone da COP30

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De acordo com Anacláudia, as pessoas que moram em regiões menos favorecidas, em especial nas favelas brasileiras, são as que mais sofrem com os impactos das mudanças climáticas, principalmente no que se refere ao conforto térmico, como calor ou frio extremo. 

"Se a gente não tratar hoje essa tendência de não adaptar os lugares menos favorecidos para lidarem com as mudanças climáticas, o desafio será ainda maior. Precisamos trabalhar no planejamento urbano em colaboração com a governança multinível, incluindo a participação de políticos", acrescentou.

A expectativa da ONU-Habitat é que cerca de dois bilhões de pessoas migrem para a zona urbana nos próximos 30 anos, especialmente em países da África e da Ásia. O número alarmante chama a atenção. 

“Na África, por exemplo, metade da população que mora na zona urbana vive também na periferia. Ou seja, quase 80% das cidades enfrentam lacunas muito importantes de acesso ao básico, como água. Esses bilhões de pessoas que vão chegar a essas cidades vão encontrar lugares com brechas de infraestruturas”, disse. 

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Luis Antonio Lindau, diretor de Cidades do WRI Brasil, complementou a afirmação de Anacláudia ressaltando que quase 20% das favelas estão localizadas em áreas de risco e que essas áreas precisam passar por uma transição justa. "São as regiões que menos emitem e as que mais sofrem os impactos da realidade dessas mudanças climáticas com as quais lidamos hoje", afirmou.

*Essa reportagem foi produzida como parte da Climate Change Media Partnership 2025, uma bolsa de jornalismo organizada pela Earth Journalism Network, da Internews, e pelo Stanley Center for Peace and Security.

Fonte: Portal Terra
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