Estudo revela o que mais sensibiliza os brasileiros sobre a crise climática

Levantamento inédito lançado na COP30 relaciona bens culturais com a percepção da sociedade sobre crise ambiental

12 nov 2025 - 18h46
Resumo
Estudo revela que 83% dos brasileiros acreditam que bens culturais ajudam a entender a crise climática, mas destacam desafios como linguagem elitizada e desinformação, reforçando o papel da cultura no engajamento ambiental.
Polvo de Cláudio Calvo na Bienal do Lixo, em São Paulo, uma das peças que mais chamaram a atenção.
Polvo de Cláudio Calvo na Bienal do Lixo, em São Paulo, uma das peças que mais chamaram a atenção.
Foto: Marcos Zibordi

A cultura ganhou protagonismo na agenda climática nacional com o estudo Cultura e Clima: Percepções e Práticas no Brasil. Para 83% dos entrevistados, atividades e bens culturais ajudam a entender melhor as mudanças climáticas. O estudo inédito será lançado na COP30.

A pesquisa ouviu 2.074 pessoas de todas as regiões do país, com amostragem por gênero, raça e região. O objetivo foi investigar como a população brasileira percebe a relação entre cultura e clima e de que forma essas práticas podem influenciar o engajamento ambiental.

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Mais da metade da população (54,6%) busca informações sobre o clima em fontes culturais, como livros, filmes, museus e exposições. E para 62,6% dos entrevistados, alguma obra cultural os inspirou a mudar hábitos ligados à sustentabilidade.

Do Ceará, Amanda Nunes mescla arte sacra, surrealismo e resistência. Ela deixou sua marca em Belém, ao lado de 19 artistas.
Foto: Bruno Carachesti

Quando a cultura não ajuda em nada

Entre os obstáculos que limitam a força mobilizadora da cultura para a preservação do meio ambiente, a pesquisa mostra que a linguagem usada para abordar as questões sobre clima ainda é percebida como elitizada – algo que a própria COP30 precisa evitar.

A polarização política também cria desconfiança sobre as mensagens ambientais. Segundo a pesquisa, parte do público demanda uma comunicação mais neutra e baseada em informações confiáveis. Segundo os autores, o desafio é unir sensibilidade e clareza, evitando tanto o tecnicismo quanto o viés ideológico.

A pesquisa constatou que 52,4% dos brasileiros afirmam sentir-se impotentes diante da crise climática, e um em cada quatro dizem não saber que ações podem adotar. Essa sensação de paralisia reforça a necessidade de usar a cultura como instrumento de engajamento prático — ela pode transformar a preocupação em ação coletiva.

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Registro do trabalho do artista plástico Vik Muniz no Jardim Gramacho, maior aterro sanitário da América Latina, localizado na cidade de Duque de Caxias, Rio de Janeiro.
Foto: Reprodução

Resultado aponta distorções sobre crise ambiental

Em plena COP30, os resultados da pesquisa relevam uma contradição preocupante entre quem é visto como responsável pela crise climática e quem realmente atua para enfrentá-la. Empresas e indústrias são apontadas por 72,5% dos brasileiros como as principais causadoras de problemas ambientais, seguidas pelos governos.

No entanto, quando perguntados sobre quem mais contribui para resolver o problema, os entrevistados destacaram a comunidade científica (34,9%) e as ONGs (33,7%). O dado preocupante é que apenas 10,4% acreditam que os cidadãos estejam fazendo sua parte.  

Essa percepção mostra que o público espera ações mais consistentes do setor privado e dos governos, e vê na ciência e na sociedade civil os agentes que de fato estão agindo. O estudo Cultura e Clima: Percepções e Práticas no Brasil foi realizado pelo C de Cultura e Outra Onda Conteúdo, com parceria técnica da PUC-RS.

Serviço:

Evento de lançamento da pesquisa Cultura e Clima - Percepções e Práticas no Brasil

Dia 13 de novembro, 17h30, no Pavilhão Regional Climate Foundations, Blue Zone

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Fonte: Visão do Corre
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