O segundo dia da COP30 foi marcado por protestos na Zona Azul, críticas do governador da Califórnia ao governo Trump sobre mudanças climáticas e o lançamento de uma nova certificadora de crédito de carbono pelo Bradesco e BNDES.
O segundo dia da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30), em Belém, nesta terça-feira, 11, foi marcado por quebra-quebra e tentativa de invasão à Zona Azul.
Vídeos obtidos pela reportagem do Estadão mostram os manifestantes gritando palavras de ordem em defesa da taxação de grandes fortunas, enquanto seguranças tentam retirá-los da Zona Azul. Alguns manifestantes subiram em mesas com faixas de protesto. Outros empunhavam bandeiras, bastões, megafones, arcos e flechas.
Antes, os holofotes estavam voltados para o governador da Califórnia, Gavin Newsom. Ele criticou a ausência dos Estados Unidos das discussões climáticas e classificou a postura do governo Donald Trump como "burra".
O dia também foi marcado pelo anúncio de Bradesco e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em parceria com as empresas Ecogreen e Aecom, de uma nova certificadora de crédito de carbono, batizada de Ecora.
Manifestantes tentam invadir área da ONU
O Bradesco e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em parceria com as empresas Ecogreen e Aecom, anunciaram nesta terça-feira, 11, uma certificadora de crédito de carbono, batizada de Ecora. A informação havia sido antecipada pelo Estadão/Broadcast.
O valor investido no projeto não foi divulgado. Segundo o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, outros dois parceiros devem entrar na empresa. Apenas depois disso, o aporte será anunciado. Também não foram divulgadas as participações de cada sócio no projeto. Os fundadores são o Bradesco e a Ecogreen, que assinaram um memorando de entendimento com o BNDES.
Nobel de Economia sugere que compensação caia na conta de moradores de países afetados
Prêmio Nobel de Economia em 2019, a francesa Esther Duflo apresentou nesta terça-feira, 11, na COP30, sua proposta do "Pix do Clima" ou o que também poderia ser entendido como um Bolsa família climático. A ideia é que os adultos dos países mais afetados pelas mudanças climáticas recebam US$ 3 por dia, complementados por uma transferência extra a cada dez anos. Em troca, esses países adotariam mecanismos de precificação de carbono, ou seja, os emissores de gases desses países pagariam para poluir.
O mecanismo, desenvolvido em parceria com o marido dela, Abhijit Banerjee (também Nobel de Economia em 2019), e com Michael Greenstone, professor na Universidade de Chicago e conselheiro-chefe de economia do governo de Barack Obama, foi batizado de FAIR (justo em inglês, mas cujas iniciais significam previsível, automático, imediato e regular). "Mas, nos últimos, ele recebeu o apelido 'Pix do Clima'", disse, rindo, Duflo em sua apresentação — da qual também participou o presidente da Vale, Gustavo Pimenta.
COP no Brasil tem 56 mil inscritos
A Convenção-Quadro da ONU sobre a Mudança do Clima (Unfccc) divulgou que a conferência em Belém teve 56.118 inscritos, de 194 países. Destes, 13.948 são funcionários do evento, da ONU, seguranças e voluntários, 13.402 de organizações observadoras e 23.509 de partes/Estados observadores.
Dados das Nações Unidas sobre a participação em COPs anteriores mostram que a participação mais alta registrada até agora foi na COP28, realizada em 2023 em Dubai (Emirados Árabes). Na ocasião, o quórum foi de 70 mil, entre delegações dos países, observadores (ONGs, jovens, entidades empresariais, sindicais, agrícolas, ambientalistas e científicas), imprensa e representantes da ONU.
COP de 2027 já tem sede - mas impasse sobre o ano que vem continua
Mesmo sem definição sobre o país-sede da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP31) para o ano que vem, a edição de 2027 já tem um endereço. Na tarde desta terça-feira, 11, o grupo de países africanos submeteu formalmente à Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças do Clima (UNFCCC) a indicação da Etiópia para sediar a 32ª Conferência.
Segundo o secretário de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Ministério da Agricultura da Etiópia, Addisu Negash, o país foi chancelado pelos vizinhos.
O endereço da COP31 ainda não está certo porque os países do grupo ocidental da UNFCC (Europa Ocidental e outras) assistem a uma disputa entre Turquia e Austrália. Na COP30, os dois gigantes são vizinhos. Os dois pavilhões ficam colados um ao outro no corredor principal da zona azul.
Gilberto Gil e Cacique Raoni trocam saberes: 'Consciência de pertencer à natureza'
Enquanto na Zona Azul da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30) negociadores travam longas conversas para chegar a acordos sobre o combate às mudanças climáticas, em uma casa na região central de Belém o consenso chegou de forma inesperada: o cantor Gilberto Gil e Cacique Raoni concluíram que não tinham muito a dizer.
Durante cerca de 20 minutos, nesta terça-feira, 11, Gil e Raoni falaram sobre a relação com a natureza e a importância de proteger o meio ambiente da devastação. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, também participou do evento, que foi organizado pela entidade Conservação Ambiental.