ONU prevê redução das emissões globais de gases de efeito estufa antes de 2030, mas alerta que os esforços ainda são insuficientes para limitar o aquecimento global a 1,5 ºC.
Em relatório divulgado nesta terça-feira, 28, a ONU apontou que, pela primeira vez desde o Acordo de Paris, assinado em 2015, as emissões globais de gases de efeito estufa deverão ser reduzidas antes de 2030.
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O novo documento avalia 64 Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são as metas climáticas estabelecidas por cada nação e submetidas entre 1º de janeiro de 2024 e 30 de setembro de 2025.
O relatório, divulgado poucos dias antes da Conferência das Partes (COP30), em Belém (PA), destaca que as NDCs abrangem cerca de 30% do total de emissões globais em 2019 e agem como uma métrica para entender de que forma a crise climática está sendo freada.
Com a implementação das novas metas, as emissões devem apresentar um pico de redução média de até 24% até 2035, em relação aos níveis atingidos em 2019.
A ONU elogiou os planos climáticos apresentados pelos países e afirmou que as delegações mostraram o "conjunto mais abrangente de compromissos climáticos nacionais até o momento". "Se totalmente implementadas, as metas nacionais atuais reduziriam as emissões globais em cerca de 10% até 2035", informou.
Não é o suficiente
De acordo com o secretário-executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell, apesar dos esforços para que se obtenha um ótimo resultado até a data estipulada, o ritmo em que as metas deverão ser implementadas ainda não é o suficiente para limitar o aquecimento global a 1,5 ºC.
“Por meio da cooperação climática convocada pela ONU e dos esforços nacionais, a humanidade está claramente reduzindo a curva de emissões pela primeira vez, embora ainda não seja suficientemente rápida. Portanto, embora a direção da mudança esteja melhorando a cada ano, temos uma grande necessidade de mais velocidade e de ajudar mais países a adotar ações climáticas mais firmes", afirmou.
O documento destacou, ainda, que 89% das NDCs incluem metas para toda a economia, abrangendo todos os principais setores; 73% incluem componentes de adaptação; 1/3 integra medidas de Perdas e Danos, particularmente entre os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento; e 78% das novas NDCs agora fazem referência ao oceano, um aumento de 39% em relação aos compromissos anteriores.
Em relação aos compromissos estabelecidos com os oceanos, a diretora-sênior de Políticas Climáticas da Ocean Conservancy, Anna-Marie Laura, declarou que o feito é motivo para comemoração, mas que ainda é necessário manter o foco na redução das emissões.
“Ver 78% dos países destacarem o oceano em suas NDCs é motivo para comemorar. Isso demonstra o crescente reconhecimento do papel vital que as soluções oceânicas desempenham na ação climática e no apoio às economias. No entanto, precisamos manter o foco na redução das emissões. O oceano é um aliado fundamental, mas frequentemente negligenciado: embora 42% dos países estejam adotando pelo menos uma ação de mitigação baseada no oceano precisamos de muito mais medidas de mitigação oceânica", explicou.