COP30 precisa definir novo rumo para a humanidade ou consequências serão devastadoras, diz secretário-geral da ONU

António Guterres conversou com o jornalista indígena Wajã Xipai, da Sumaúma

27 out 2025 - 22h47
(atualizado às 23h10)
Resumo
O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou a importância da COP30, em Belém, para ações urgentes contra a crise climática, alertando sobre o risco de devastação irreversível da Amazônia caso não haja uma drástica redução nas emissões globais.
António Guterres acredita que não será possível conter aumento do nível de temperatura global
António Guterres acredita que não será possível conter aumento do nível de temperatura global
Foto: Michael M. Santiago/Getty Images

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, colocou a realização da COP30, em Belém, no Pará, como essencial para o despertar de medidas para evitar uma catástrofe climática. A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao jornalista indígena Wajã Xipai, da Sumaúma.

Durante a conversa, a liderança da ONU reforçou a importância de vozes indígenas serem ouvidas durante a conferência, que será realizada entre os dias de 10 e 21 de novembro.

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“É absolutamente essencial, e ainda bem que o presidente Lula compreendeu que esta COP tem de ser a COP da verdade, e que, para ser a COP da verdade, tem que ouvir o que as comunidades indígenas têm a dizer sobre a forma como protegem a Natureza, a biodiversidade e como ajudam a evitar as alterações climáticas, mas também [o que elas têm a dizer] das sucessivas violações dos seus direitos a que assistimos em tantas partes do mundo”, disse o secretário-geral. 

Para Guterres, a inspiração em quem conhece a natureza de perto deve ser um ponto de partida para evitar consequências devastadoras. 

“Por isso mesmo, a voz das comunidades indígenas é um componente essencial da COP e deve inspirar as medidas que são indispensáveis se nós queremos evitar uma catástrofe climática”, continuou.

Entre os pontos a serem debatidos na COP, Guterres apontou a necessidade de os líderes mundiais reconhecerem suas “falhas”. Segundo o secretário-geral, conseguir limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau Celsius é um dos tópicos fundamentais.

“Vamos reconhecer nosso fracasso. Os países estão apresentando suas Contribuições Nacionalmente Determinadas [NDCs]. Das recebidas até agora, há uma expectativa de redução de emissões em torno de 10%. Mas precisaríamos de uma redução de 60% [para limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius]. Portanto, a ultrapassagem do limite agora é inevitável”, lamenta.

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Diante do cenário, mudar o curso atual é de extrema importância para diminuir os danos e evitar que a Amazônia entre em ponto de não retorno, quando a mudança no sistema é irreversível.

“Ainda é possível se acelerarmos para chegar a zero emissões líquidas [de gases de efeito estufa] e, se nos tornarmos negativos depois disso até o final do século, ainda é possível chegar ao final do século com 1,5 grau Celsius ou menos”, destaca.

Agora, se nada for feito, Guterres teme pelo cenário de devastação na Amazônia: “Nesse meio-tempo, teremos um avanço do limite. Devemos fazer tudo o que for possível para que esse avanço temporário da meta de aquecimento seja o mais curto e o menos intenso possível, a fim de evitar pontos de não retorno, como na Amazônia. Não queremos ver a Amazônia como uma savana. Mas isso é um risco real se não mudarmos de rumo para fazer uma redução drástica das emissões o mais rápido possível”.

Leia a entrevista na íntegra aqui!

Fonte: Portal Terra
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