O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou a importância da COP30, em Belém, para ações urgentes contra a crise climática, alertando sobre o risco de devastação irreversível da Amazônia caso não haja uma drástica redução nas emissões globais.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, colocou a realização da COP30, em Belém, no Pará, como essencial para o despertar de medidas para evitar uma catástrofe climática. A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao jornalista indígena Wajã Xipai, da Sumaúma.
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Durante a conversa, a liderança da ONU reforçou a importância de vozes indígenas serem ouvidas durante a conferência, que será realizada entre os dias de 10 e 21 de novembro.
“É absolutamente essencial, e ainda bem que o presidente Lula compreendeu que esta COP tem de ser a COP da verdade, e que, para ser a COP da verdade, tem que ouvir o que as comunidades indígenas têm a dizer sobre a forma como protegem a Natureza, a biodiversidade e como ajudam a evitar as alterações climáticas, mas também [o que elas têm a dizer] das sucessivas violações dos seus direitos a que assistimos em tantas partes do mundo”, disse o secretário-geral.
Para Guterres, a inspiração em quem conhece a natureza de perto deve ser um ponto de partida para evitar consequências devastadoras.
“Por isso mesmo, a voz das comunidades indígenas é um componente essencial da COP e deve inspirar as medidas que são indispensáveis se nós queremos evitar uma catástrofe climática”, continuou.
Entre os pontos a serem debatidos na COP, Guterres apontou a necessidade de os líderes mundiais reconhecerem suas “falhas”. Segundo o secretário-geral, conseguir limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau Celsius é um dos tópicos fundamentais.
“Vamos reconhecer nosso fracasso. Os países estão apresentando suas Contribuições Nacionalmente Determinadas [NDCs]. Das recebidas até agora, há uma expectativa de redução de emissões em torno de 10%. Mas precisaríamos de uma redução de 60% [para limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius]. Portanto, a ultrapassagem do limite agora é inevitável”, lamenta.
Diante do cenário, mudar o curso atual é de extrema importância para diminuir os danos e evitar que a Amazônia entre em ponto de não retorno, quando a mudança no sistema é irreversível.
“Ainda é possível se acelerarmos para chegar a zero emissões líquidas [de gases de efeito estufa] e, se nos tornarmos negativos depois disso até o final do século, ainda é possível chegar ao final do século com 1,5 grau Celsius ou menos”, destaca.
Agora, se nada for feito, Guterres teme pelo cenário de devastação na Amazônia: “Nesse meio-tempo, teremos um avanço do limite. Devemos fazer tudo o que for possível para que esse avanço temporário da meta de aquecimento seja o mais curto e o menos intenso possível, a fim de evitar pontos de não retorno, como na Amazônia. Não queremos ver a Amazônia como uma savana. Mas isso é um risco real se não mudarmos de rumo para fazer uma redução drástica das emissões o mais rápido possível”.
Leia a entrevista na íntegra aqui!