De vestes fúnebres no calorão de Belém, manifestantes velam morte dos combustíveis fosseis: 'Se não for em breve, não teremos futuro'

Ato faz parte da Marcha Global pelo Clima, que marca primeiro sábado da COP30

15 nov 2025 - 11h23
(atualizado às 11h24)
Krishna Silva explicou o protesto na Marcha pelo Clima
Krishna Silva explicou o protesto na Marcha pelo Clima
Foto: Beatriz Araujo/Terra

Em meio a roupas e adereços coloridos de manifestantes que exaltam os múltiplos povos e culturas do Brasil, em ato de luta pelo fim do racismo ambiental e desigualdades, um grupo se destaca na Marcha Global pelo Clima, que acontece neste sábado, 15, em meio à COP30 em Belém. De preto, cerca de 15 mulheres resistem ao calorão de Belém com vestes pretas, em clima fúnebre, representando carpideiras -- pessoas contratadas para chorar e lamentar a morte em funerais e velórios. Em meio a grandes caixões pretos, o que velam são os combustíveis fósseis.

"Estamos enterrando os combustíveis fósseis, toda essa destruição, para termos um novo ciclo", contou Krishna Silva, de 26 anos, ao Terra. Ela é de Belém e faz parte do ato como atriz e manifestante pelo clima.

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Por mais que esse seja o desejo de quem marcha, de toda uma comunidade científica e de ambientalistas, visto que os combustíveis fósseis são o grande pivô da crise climática, a transição justa segue lenta. Mesmo assim, a esperança persiste, pois não há outro caminho, como entoam na Marcha.

Funeral dos combustíveis fósseis tomou conta de protesto da Marcha no Clima
Foto: Beatriz Araujo/Terra

"Tem que ser em breve, se não não teremos futuro. Se não mudarmos agora não vamos existir num futuro", afirmou a carpideira.

A vontade de mudança é o que move Krishna e outras manifestantes. Ela diz que que se manterá firme até o final, apesar das vestes em meio ao calor, pois reconhece a importância desse manifesto em um momento onde os olhos do mundo estão voltados a Belém. "Se a gente luta e aguenta tantas outras dores, vamos aguentar essa também."

Edson Fernando, de 49 anos, acrescentou mais uma camada à marcha fúnebre, fazendo o velório da Constituição. "Estamos velando os direitos que nos foram suprimidos. Trabalhistas, estudantis, dos povos indígenas... Tudo que foi arrancado pelo Congresso reacionário, que vem sepultando nossos direitos."

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Mais sobre a Marcha

A Marcha Global pelo Clima é organizada pela Cúpula dos Povos e reúne diversas frentes de organizações da sociedade civil. A expectativa era de que o ato reunisse cerca de 30 mil pessoas, mas já superou 50 mil segundo última atualização da organização.

Funeral dos combustíveis fósseis tomou conta de protesto da Marcha no Clima
Foto: Beatriz Araujo/Terra

A saída estava prevista para 8h30, mas a largada foi dada por volta de 10h no Mercado de São Brás, região central da capital paraense, onde é a concentração. A Marcha seguirá até a Aldeia Cabana, complexo cultural localizado no bairro Pedreira.

A marcha tem como foco a luta contra o racismo ambiental e as desigualdades, em torno da crise climática. Por mais que não faça parte da agenda oficial da ONU para a COP30, o primeiro sábado da Conferência é tradicionalmente conhecido por ser um dia voltado a manifestações organizadas por movimentos sociais, ONGs e organizações da sociedade civil.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e Sonia Guajajara, dos povos indígenas, marcaram presença e falaram no início do ato. Marina frisou a importância desse momento na COP que acontece no Brasil, um país democrático, após uma série de Conferências em Estados autoritários. Já Guajajara, após  semana marcada por tentativas de invasão à área restrita da COP30 e bloqueio da entrada do local pelo povo Mundukuro em busca de reivindicações, o ato coletivo transforma as ruas em Zona Azul neste momento.

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*A reporter Beatriz Araujo viajou a Belém com apoio do ClimaInfo

Fonte: Portal Terra
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