Quanto custa comer na COP30? O tema virou polêmica antes mesmo da conferência começar, nesta segunda-feira (10), no Parque da Cidade, em Belém. Reportagens publicadas em portais de notícia e nas redes sociais mostravam salgados custando R$ 30 e água a R$ 25 durante a Cúpula dos Líderes, realizada no mesmo local durante os dias 6 e 7 de novembro. Mas empresários que investiram no aluguel de espaços na conferência explicam que os valores não são determinados de forma arbitrária. “Todo o processo de precificação, ele foi avaliado pela ONU, pela SECOP [Secretaria Extraordinária da COP], que filtrou, que orientou e foi passado pela ONU”, explica Nayana Lima, proprietária do Nanay Café, estabelecimento com quiosques nas Zonas Azul e Verde da COP30.
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Em entrevista ao Terra, a empresária explicou que a tabela de preços também considera os altos investimentos e exigências feitos pela organização que promove o evento. “Pra gente poder estar aqui, a gente precisa ser acompanhado por nutricionistas altamente qualificadas, cozinheiros especializados. Além desses custos de mão de obra, infraestrutura, aqui foi cobrado por metro quadrado, e esse metro quadrado, ele foi cobrado em dólar”, revela. O valor determinado pelo aluguel do espaço, segundo informou outra empresária em reportagem do portal Amazônia no ar, foi de US$ 280, o equivalente a cerca de R$ 1500, por metro quadrado ocupado durante o período do evento.
“Além disso, para nós operarmos aqui, a gente precisa de uma mão de obra que vai trabalhar 24 horas. Nós começamos, na Blue Zone, 7 horas da manhã, finalizamos às 10 da noite. E quando finaliza o atendimento às 10 da noite, entra a equipe de logística”, explica Nayana. “Outros custos também, como seguro de vida para os nossos funcionários, seguro patrimonial para que a gente possa cobrir e também dar essa segurança para o nosso trabalhador que tá aqui”, complementa.
O Nanay Café opera quiosques na Green Zone e na Blue Zone. Este último se encontra na área do Media Center, espaço dedicado à imprensa no evento, e acabou envolvido no centro da polêmica. Nayana explica que, apesar de alguns dos itens não serem vendidos pelo estabelecimento, o uso de imagens do local levou o público a associar os custos à empresa, gerando críticas e cobranças.
“Foram cobrados igual preços de grandes eventos. Por quê? Porque precisa de uma estrutura sólida, uma estrutura qualificada e também necessita de um investimento robusto para que essa operação. [...] O que está sendo praticado aqui não tem nada fora do padrão das outras COPs, é dentro de um evento global”, completa a empresária.
Polêmica repercutiu entre paraenses
Nas redes sociais, habitantes da capital paraense responderam às críticas aos preços e questionaram reportagens focadas em opções mais caras quando são oferecidas refeições com preços menores dentro e no entorno do evento. “Nesse joguinho de vocês, nenhum paraense cai mais. Se tá caro pra ti, não compra”, disse a influenciadora Isis Vieira em um comentários que viralizou nas redes sociais.
Também questionaram se os mesmos argumentos foram usados durante a realização da COP29, em Baku, e da COP28, em Dubai. “Na COP em Dubai eram 100 dólares [cerca de R$ 530] uma refeição. O problema é que é aqui em Belém, sempre tem gente para criticar”, argumentou o ministro do Turismo, Celso Sabino, em entrevista à Jovem Pan.