O debate sobre biodiversidade deixou de ser apenas ambiental para se tornar também estratégico no setor de infraestrutura. Essa foi uma das principais mensagens do painel Oportunidades da agenda de biodiversidade para o setor de infraestrutura, realizado na Green Zone da COP30, que reuniu representantes de empresas e organizações parceiras da agenda climática.
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A integração entre biodiversidade e negócios é fundamental para a sobrevivência das empresas no longo prazo, defendeu Juliana Silva, diretora de sustentabilidade da Motiva. “Antes de mais nada, a gente precisa olhar a preservação como perenidade para o negócio”, explicou Juliana, lembrando que a sustentabilidade faz parte da estratégia corporativa da empresa que lidera.
Essa visão exige uma nova forma de pensar compensações e parcerias, explicou. “A gente começa ali repensando os nossos modelos de compensação, então como a gente estabelece parcerias, por exemplo, para ser assertivo onde a gente vai fazer esse plantio, de que forma a gente vai fazer esse plantio, como a gente vai monitorar e cuidar dessa área”, disse.
Juliana defendeu que as ações não podem ser pontuais, mas sim conectadas. “O que a gente não quer é fazer isso de forma pulverizada, mas sim criar mais corredores. O quanto é importante a gente conectar esses fragmentos e fazer com que a gente consiga incrementar a biodiversidade”, afirmou.
Durante o painel, ela também mencionou a adesão da Motiva ao Taskforce on Nature-related Financial Disclosures (TNFD), uma iniciativa global que orienta empresas na identificação de riscos e oportunidades relacionados à natureza. “A Motiva é a primeira empresa aqui da América Latina, do nosso setor, a aderir formalmente ao TNFD”, disse. “É um frame, igual a gente tem com o carbono, mas para a gente conseguir identificar os nossos riscos, impactos e oportunidades para a biodiversidade.”
Juliana explicou que a companhia iniciou um projeto-piloto no segmento de rodovias para mapear as interações entre suas operações e os biomas brasileiros. “A gente começou um piloto para o nosso negócio de rodovias e com isso a gente identificou então essas interações com o meio, onde estamos pensando nos quase 5 mil quilômetros que a gente gerencia”, contou.
Ela destacou que o trabalho de mitigação deve considerar as agendas de clima e biodiversidade de forma conjunta. “Não dá para pensar nisso de forma separada”, ressaltou. “A Motiva, além de já identificar os seus riscos climáticos para quilômetro a quilômetro das suas rodovias, definiu os planos de mitigação que a gente precisa implementar, foram quase 5 mil plano definidos e agora a gente está priorizando esses planos.”
Apesar dos avanços, Juliana apontou desafios. “Não é tão simples assim a gente medir esse impacto na biodiversidade, incremento na biodiversidade”, afirmou. Para ela, parcerias são essenciais para que o setor avance. “Por isso que a gente precisa de parcerias como as que a gente tem aqui no painel, para que a gente consiga avançar ainda mais nessa agenda.”
*A repórter viajou a convite da Motiva, idealizadora da Coalizão pela Descarbonização dos Transportes.