Os 5 carros mais quentes que a Ford produziu no Brasil

Ford fabricou carros inesquecíveis no Brasil. Elegemos Galaxie, Corcel, Maverick, Escort e EcoSport como os principais de sua história

13 jan 2021 - 11h55

Presente há 102 anos no país, a Ford foi a primeira marca a chegar ao Brasil, em 1919, com o histórico Modelo T, que era montado em São Paulo com peças importadas dos Estados Unidos. Com mais de 50 anos de produção local, a Ford fabricou modelos que fizeram parte da vida de muitos brasileiros. 

Selecionamos os cinco carros mais quentes da história da Ford no Brasil, seguindo as dicas do especialista Gabriel Marazzi, colaborador do Guia do Carro e um dos jornalistas com maior cultura automotiva do país. Os carros são os seguintes: Galaxie, Corcel, Maverick, Escort e EcoSport. Veja a seguir os motivos que fizeram esses cinco serem os carros inesquecíveis fabricados pela Ford no Brasil.

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Galaxie 

O Ford Galaxie foi o primeiro carro fabricado pela Ford no Brasil. Lançado em 1967, o sedã grande era o carro mais luxuoso feito localmente. Com 5,33 metros de comprimento e 2 metros de largura, o Galaxie acomodava até seis passageiros. Sob o capô, ele trazia um motor V8 de 166 cv, que era associado a um câmbio de três marchas. 

Primeiro carro produzido pela Ford no Brasil, o Galaxie impressionava pelo luxo e equipamentos.
Primeiro carro produzido pela Ford no Brasil, o Galaxie impressionava pelo luxo e equipamentos.
Foto: Reprodução

Anos depois, ele também foi um dos primeiros carros brasileiros a ter equipamentos como ar-condicionado e câmbio automático. Em 1976, o Galaxie foi reestilizado, e ganhou faróis horizontais e lanternas com três barras verticais. Nesse ano, ele era oferecido nas versões Galaxie 500, de entrada, Galaxie LTD, intermediária, e Landau, topo de linha. 

Em 1979, a versão de entrada deixou de ser oferecida, e em 1982, com a crise do petróleo, a versão LTD foi aposentada. Famoso pelo derradeiro modelo Landau -- que trazia revestimentos de jacarandá no console e nas portas, além de bancos de veludo -- o Galaxie foi produzido até 1983, e vendeu mais de 77 mil unidades. Ele foi substituído pelo Del Rey, modelo menor, mas que também tinha proposta sofisticada para a época.

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Corcel 

Um compacto Ford com origem francesa. O Ford Corcel teve como base o chamado projeto “M”, que a Willys-Overland do Brasil desenvolvia em parceria com a Renault para substituir o Gordini, quando foi adquirida pela Ford em 1967. A Ford se interessou pelo projeto, que tinha como objetivo ser o carro de volume da marca, e lançou o Corcel em 1968, posteriormente dando origem à perua Belina, a picape Pampa, o sedã de luxo Del Rey e a perua Del Rey Scala.

Projeto de origem Renault, o Corcel foi um sucesso de vendas, com mais de 1,4 milhão de unidades produzidas.
Foto: Reprodução

Com nome inspirado no Mustang, o Corcel trazia uma carroceria sedã de quatro portas, tração dianteira, e um motor 1.3 de 68 cv. Um ano após o lançamento, o Corcel ganhou a opção de duas portas e a versão esportiva GT, que fez sucesso em corridas de turismo nos anos 70. 

Já em 1977, o Corcel passou por uma grande remodelação, ganhando o sobrenome II. Ele trazia carroceria mais larga, que fazia o carro aparentar ter um porte maior. Nos anos 80, o Corcel II passou a ter como opção um motor 1.6 a álcool, e deu origem ao sedã de luxo Del Rey e a picape Pampa. Finalmente, depois de 18 anos de produção e mais de 1,4 milhão de unidades vendidas, o Corcel finalmente saiu de linha em 1986, dando lugar ao Escort.

Maverick 

O Ford Maverick foi para os brasileiros o que o Mustang é para os americanos. Posicionado entre o Corcel e o Galaxie, o Maverick foi produzido entre 1973 e 1979 no Brasil. O modelo foi uma tentativa da Ford de fazer frente ao Chevrolet Opala, e inicialmente teve duas opções de motor bem distintas: um deles era o 3.0 de seis cilindros em linha, que entregava 112 cv de potência e o outro era o até hoje cultuado V8 5.0 de 197 cv.  

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Com motor 5.0 V8 de 197 cv de potência, o Maverick é um carro bastante cobiçado entre os colecionadores.
Foto: Reprodução

No entanto, dois anos depois do lançamento, o motor 3.0 deu lugar a um 2.3 litros de quatro cilindros, de 99 cv de potência. Era uma opção mais econômica em plena crise do petróleo. Por outro lado, o V8 seguiu como uma opção para a versão GT. Sempre com tração traseira, o Maverick podia ser equipado com um câmbio manual de quatro marchas ou um automático de três marchas, que trazia comando na coluna de direção. 

Oferecido em versões de duas (cupê) ou quatro portas (sedã), o Maverick era originalmente uma opção mais barata do que o Mustang nos EUA. Por aqui, ele não conseguiu atingir o sucesso comercial do Opala, que vendeu mais de 1 milhão de unidades. Em seis anos de produção, o Maverick vendeu pouco mais de 108 mil unidades, e é atualmente um modelo muito cobiçado entre colecionadores.   

Escort

O Ford Escort foi o primeiro automóvel mundial feito pela Ford no Brasil. Em uma época na qual o mercado automotivo era extremamente fechado, e as importações eram proibidas, as opções mais populares eram carros como o Volkswagen Fusca, Chevrolet Chevette e o Fiat 147, que já tinham muitos anos de mercado. Em 1983, a Ford começou a produzir a terceira geração do Escort no Brasil. 

Escort foi o primeiro carro mundial produzido pela Ford no Brasil; aqui, o XR-3.
Foto: Brunelli Veículos Antigos / Reprodução

Lançada três anos antes na Europa, a terceira geração do Escort foi o primeiro carro mundial feito pela marca localmente, e chegou nas versões L e GL, que traziam o motor 1.3 CHT de 63 cv de potência, além da topo de linha Ghia, que trazia o 1.6 CHT movido a etanol, com 73 cv. Um ano depois, a versão esportiva XR-3 chegou ao mercado, com o mesmo motor da versão Ghia. 

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Ainda nos anos 80, o Escort ganhou a versão Cabriolet, primeiro conversível produzido pela Ford no Brasil, além de uma reestilização em 1987. Em 1989, durante a Autolatina (parceria entre Ford e Volkswagen), o Escort ainda passou a oferecer o motor 1.8 AP de 90 cv da marca alemã na versão XR-3.

Nos anos 90, o Escort ganhou a segunda geração produzida localmente, de 1992 a 1996. Maior e mais moderno, o “Escort europeu” (como era conhecido no Brasil) manteve a versão conversível e chegou a ter 122 cv na versão XR-3, que agora era equipada com o motor 2.0 AP, movido a etanol. E com a chegada da terceira e última geração do Escort no Brasil, a produção foi transferida para a Argentina, onde o modelo foi produzido até 2003, em versões hatch, sedan e perua.  

Ecosport 

O primeiro SUV compacto do Brasil foi um verdadeiro divisor de águas para a Ford. Com crescentes dívidas com o fim da Autolatina, a marca americana pensava em sair do mercado brasileiro, quando decidiu apostar em um projeto inovador para a época. Com base na plataforma do Fiesta, a Ford desenvolveu uma carroceria nova, elevou a suspensão e atraiu sobretudo o interesse do público jovem. 

Ford Ecosport inaugurou o segmento de SUVs compactos no Brasil e reinou sem concorrentes até 2011.
Foto: Reprodução

Com aspecto aventureiro, o Ecosport foi lançado em 2003 e trouxe como opções de motor o 1.0 Supercharger de 95 cv -- que era equipado com um compressor mecânico e logo saiu de linha -- além do 1.6 Rocam de 98 cv e o 2.0 Duratec que oferecia 143 cv. Sempre equipado com câmbio manual de 5 marchas, o Ecosport ganhou um ano depois uma versão com tração nas quatro rodas (4WD).

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O Ecosport recebeu a primeira reestilização em 2007, e reinou praticamente sem concorrentes diretos até a chegada do Renault Duster, em 2011. Buscando manter a liderança no segmento, o Ecosport ganhou uma nova geração em 2012, que se tornou global, sendo vendida na Europa e posteriormente nos Estados Unidos. 

A segunda e atual geração também pegou emprestada a plataforma do Fiesta e ganhou o motor 1.6 Sigma nas versões de entrada, mantendo o 2.0 Duratec nas versões topo de linha. Ele também podia ser equipado com o câmbio automatizado de dupla embreagem Powershift. No entanto, depois da chegada de concorrentes como o Jeep Renegade e o Honda HR-V em 2015, o Ford Ecosport perdeu a liderança que tinha desde 2003. 

E a última tentativa da Ford de reanimar as vendas do modelo foi uma reestilização feita em 2017. Ela corrigiu o criticado acabamento interno e trouxe novas linhas para a dianteira. O modelo também ganhou um câmbio automático convencional no lugar do problemático Powershift e um novo motor 1.5 de três cilindros com 137 cv. Além disso, o 2.0 passou a ter injeção direta, oferecendo 176 cv de potência. Após 18 anos de produção e mais de 1,2 milhões de unidades produzidas, o Ecosport dá adeus como um dos maiores sucessos da indústria nacional. 

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