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Ofensiva de Israel contra Hamas deixa mais de 120 mortos

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que Israel resistirá a qualquer interferência internacional por um cessar-fogo

11 jul 2014 - 22h50
(atualizado em 12/7/2014 às 06h21)
Foguetes são lançados do norte da Faixa de Gaza em direção a Israel, nesta sexta-feira. 11/07/2014
Foguetes são lançados do norte da Faixa de Gaza em direção a Israel, nesta sexta-feira. 11/07/2014
Foto: Amir Cohen / Reuters

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou na sexta-feira que "nenhuma pressão internacional" impedirá seu país de "atacar os terroristas", ao se referir à ofensiva contra o movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza, que já deixou mais de 120 mortos em menos de uma semana.

Pouco antes de iniciar o descanso do 'shabbat', Netanyahu afirmou que Israel resistirá a qualquer interferência internacional por um cessar-fogo. "Nenhuma pressão internacional nos impedirá de atacar os terroristas que nos atacam", declarou Netanyahu durante uma coletiva de imprensa no Ministério da Defesa em Tel Aviv.

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Em uma conversa telefônica com Netanyahu, o presidente americano, Barack Obama, expressou o temor de uma escalada da violência e ofereceu a mediação de Washington para tentar restabelecer a calma.

Os ataques aéreos israelenses contra a Faixa de Gaza mataram 16 palestinos na manhã de sábado (horário local), segundo os serviços de emergência. No total, a operação israelense 'Protective Edge' (Barreira Protetora) deixou até o momento 121 mortos e mais de 600 feridos, incluindo muitos civis.

Esse novo conflito é o mais violento desde a operação "Pilar de Defesa", que, em novembro de 2012, deixou 177 mortos palestinos e seis israelenses.

Desde terça-feira, 8 de junho, cerca de 660 obuses e foguetes foram lançados de Gaza, incluindo 140 artefatos interceptados pelo sistema de defesa antimísseis "Domo de Ferro" ("Iron Dome", no inglês), relatou o Exército israelense na sexta à noite.

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Esses ataques não deixaram vítimas fatais em Israel, mas pelo menos dez pessoas ficaram feridas.

O Hamas, que governa a Faixa de Gaza, assumiu a autoria do lançamento de quatro foguetes de longo alcance M75 contra o aeroporto internacional Ben Gurion, na região de Tel Aviv. O alvo não chegou a ser atingido.

A nova escalada de violência começou após o sequestro e o assassinato de três estudantes israelenses no início de junho na Cisjordânia ocupada, crime pelo qual Israel culpa o Hamas. Alguns dias depois, um jovem palestino foi assassinado queimado vivo em Jerusalém, em uma ação de judeus de extrema-direita.

O confronto ameaça chegar ao norte de Israel, atingido por um foguete lançado a partir do Líbano, mas que não provocou vítimas. O Exército israelense, que respondeu com um ataque contra a localidade libanesa de Kfar Shuba, não acredita em um ataque do movimento xiita libanês Hezbollah, e sim de um pequeno grupo palestino.

Em Jerusalém Oriental e nos Territórios palestinos, a situação era tensa durante a oração muçulmana semanal na sexta-feira de Ramadã.

Temendo atos de violência, a polícia israelense restringiu mais uma vez o acesso à Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém: apenas 12 mil muçulmanos puderam orar, muito menos do que nas últimas semanas.

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Na Galileia, norte de Israel, quatro mil árabes israelenses se manifestaram perto de Nazaré contra "os crimes de guerra israelenses" em Gaza.

A Força Aérea israelense lançou mais de 200 ataques na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas contra alvos ligados ao Hamas, incluindo plataformas de lançamentos de foguetes, túneis, postos de controle, escritórios e casas.

Um fotógrafo da AFP viu vários barcos em chamas no porto de Gaza, incluindo o "Gaza Ark", um grande navio pesqueiro, com o qual uma organização internacional pró-palestina se preparava para tentar romper o bloqueio naval israelense.

No terreno, os preparativos para uma possível operação terrestre continuam. "Os terroristas em Gaza cometeram um grave erro ao atacar a população de Israel", repetiu o chefe do Estado-Maior israelense, general Benny Gantz, advertindo que seu Exército irá "ampliar suas atividades segundo suas necessidades e com as forças necessárias".

Cerca de 33 mil reservistas israelenses foram mobilizados para substituir os soldados no norte e no centro, a fim de realocá-los para perto da Faixa de Gaza.

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"De momento, estamos na primeira fase: os ataques aéreos. Imagino que decidiremos amanhã, ou depois de amanhã, sobre a próxima etapa", disse na sexta o ministro israelense das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, partidário da linha-dura.

Dois soldados israelenses ficaram feridos nesta sexta por um míssil antitanque, perto do muro de segurança que separa Israel da Faixa de Gaza.

Um fotógrafo da AFP viu uma grande concentração de armas de artilharia israelenses perto do enclave palestino.

Na frente diplomática, a comunidade internacional tem mobilizado, timidamente, esforços para deter a espiral de violência.

Na sexta, o governo americano indicou estar disposto a usar sua "influência" no Oriente Médio para buscar um cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

A oferta de Washington foi feita um dia depois de o presidente americano, Barack Obama, ter telefonado para o premiê Netanyahu e ter oferecido a mediação dos Estados Unidos para solucionar a mais recente crise entre Israel e o Hamas.

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Os Estados Unidos têm "uma série de contatos", que poderão ser usados para "tentar dar um fim aos ataques com foguetes que estão ocorrendo em Gaza e, como vimos esta manhã (sexta), no Líbano", disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.

"Estamos interessados em levar adiante os passos que demos há um ano e meio, em novembro de 2012, para proporcionar um cessar-fogo e tentar voltar para a situação anterior", acrescentou.

Earnest reiterou que Israel tem o direito de se defender dos ataques com foguetes disparados pelo Hamas e afirmou que todas as partes devem tentar proteger os civis.

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"É evidente que assassinaram civis, incluindo crianças. É trágico, e oferecemos nossas condolências às famílias", completou o porta-voz.

Também nesta sexta 34 ONGs divulgaram um comunicado conjunto, pedindo uma trégua e o respeito aos direitos Humanos na Faixa de Gaza.

O Egito, primeiro país árabe a assinar um tratado de paz com Israel, em 1979, criticou a "política de punição coletiva" israelense em Gaza. Já o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou Israel nesta sexta de conduzir uma política baseada em "mentiras" sobre os bombardeios contra a Faixa de Gaza.

"Ele (Israel) diz que (o Hamas) dispara foguetes. Mas alguém morreu?", questionou Erdogan, que discursava para partidários reunidos em Istambul, acrescentando que "o número de palestinos que vocês (Israel) mataram chegou a 100".

"Sua vida (a vida de Israel) é baseada em mentiras. Não é honesta", criticou.

A Anistia Internacional pediu à ONU uma investigação internacional independente sobre as violações do Direito Internacional por parte de ambos os lados.

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Foto: Arte Terra

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