Irlandesa de 58 anos viajou à Suíça para realizar suicídio assistido, chocando a família, que contesta a decisão e busca investigar o caso, enquanto a organização responsável afirma que procedimentos legais foram seguidos.
Uma história chocante marcou a vida de uma família irlandesa. Aos 58 anos, Maureen Slough informou aos familiares, em julho deste ano, que iria à Lituânia passar férias. Entretanto, ela confidenciou a dois amigos que na verdade estava indo à Suíça para realizar seu suicídio assistido. Ressalta-se que, desde a década de 1940, este tipo de procedimento é legal na Suíça.
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Diante da gravidade da situação, um dos amigos de Maureen enviou uma mensagem à filha da amiga relatando a verdade sobre a viagem. "Sua mãe está na Suíça. Você tem o direito de saber. Jurei segredo. Ela está lá e quer suicídio assistido", disse ele em mensagem.
Em entrevista ao jornal Irish Independent, Megan Royal, filha de Maureen, relatou que sentiu muito medo ao receber a mensagem. Em suas últimas horas na Suíça, Maureen ainda enviou uma série de mensagens aos amigos, confidenciando o sofrimento que estava passando em vida. "Não sou eu mesma. Sinto como se estivesse vivendo no inferno há um ano e não é nada bom. Acordo chorando, tremendo, tudo, porque estou com medo o tempo todo, e não é assim que quero viver".
Megan, por sua vez, comunicou o fato ao pai. Porém, no dia seguinte, ela foi notificada, via WhatsApp, do falecimento da mãe. Ao receber a notícia, sentou e chorou ao lado de seu filho, um bebê. "O pior foi que não só recebi a mensagem, como também me avisaram que as cinzas dela seriam enviadas pelo correio em 6 a 8 semanas. Naquele exato momento, como eu estava sozinha, sentei-me ali com o bebê [seu filho] e chorei... Senti como se meu mundo tivesse acabado".
A Pegasos, uma organização suíça, sem fins lucrativos, foi a responsável por estabelecer contato com Megan. Dessa maneira, ela descobriu que nos últimos meses sua mãe havia transferido 13.000 libras (cerca de R$ 95 mil na cotação atual) para tirar sua vida.
Maureen era descrita como uma pessoa impetuosa e dedicada, mas que possuía um amplo histórico de doenças mentais e estava muito abalada pela morte de suas duas irmãs mais novas. Nos últimos anos, ela também já havia tentado se suicidar.
"Ninguém está dizendo que ela não estava sentindo dor. Não uma dor forte o suficiente para acabar com a própria vida. Ela tinha muito mais vida para viver e dar... Ela só estava passando por um momento difícil. Ela não estava em estado terminal ou, na minha opinião, doente o suficiente para fazer isso e deixar nossa família para trás daquele jeito", declarou Megan.
Outro aspecto que chamou a atenção é que a Pegasos informou que, antes do procedimento, Maureen passou por uma bateria de exames, incluindo avaliação psiquiátrica. O diagnóstico, contudo, confirmou que ela estava sã, embora ela tenha relatado que sofria de 'dor crônica insuportável'.
Além disso, a instituição afirmou que havia recebido uma carta da própria Megan, informando estar ciente da decisão da mãe. A Pegasos alega que Megan foi contatada por e-mail para validar a autenticidade da carta, e assim o fez, acrescentando ainda 'não ter podido acompanhar a mãe até a Suíça'.
Dessa maneira, Megan e os familiares acreditam que o e-mail foi respondido pela própria mãe. "Isso tudo é só uma história confusa. Nem era meu e-mail. Hoje em dia, em 99% dos casos, você recebe uma ligação no seu celular. Então, por que não é assim quando você está prestes a perder a vida?".
Megan tomou a iniciativa de procurar o Ministério das Relações Exteriores e a Comunidade do Desenvolvimento do Reino Unido. O objetivo é solicitar que as autoridades investiguem o que verdadeiramente aconteceu em terras suíças.