Milei defende ação de Trump contra Venezuela: 'Argentina saúda a pressão dos EUA'

Washington mobilizou força militar no Caribe e já bombardeou mais de 25 barcos na região; Caracas diz que EUA quer petróleo do país

20 dez 2025 - 14h21
Resumo
Javier Milei apoiou a pressão dos EUA contra a Venezuela, criticou o chavismo, defendeu políticas econômicas mais abertas na América Latina e destacou a necessidade de transformação no Mercosul.
Fotografia oficial dos Presidentes e Chefes de Delegação dos Estados Partes do Mercosul e dos Estados Associados
Fotografia oficial dos Presidentes e Chefes de Delegação dos Estados Partes do Mercosul e dos Estados Associados
Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente da Argentina, Javier Milei, saudou a pressão dos Estados Unidos e do presidente Donald Trump para "libertar o povo da Venezuela". Ao discursar na sessão plenária da 67ª Cúpula do bloco sul-americano, em Foz do Iguaçu (PR), ele disse que a Venezuela continua "padecendo de uma crise política, humanitária e social devastadora".

O governo Trump aplica pressão máxima sobre Maduro e a cúpula de seu governo. Ele acusa oficialmente o mandatário venezuelano de liderar um cartel do narcotráfico, o suposto "Cartel de los Soles".

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"A ditadura atroz e desumana do narcoterrorista Nicolás Maduro lança uma sombra escura sobre a nossa região", disparou Milei. "Esse perigo e essa vergonha não podem continuar existindo no nosso continente, ou vão terminar arrastando todos consigo". E completou: "Reiteramos nosso chamado de que se respeite a vontade do povo venezuelano".

O argentino ainda fez uma saudação ao "reconhecimento internacional à coragem de María Corina Machado", que ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2025. O prêmio foi entregue na semana passada à filha da opositora, Ana Corina Sosa Machado, que leu um discurso escrito pela mãe, defendendo a democracia e equiparando o chavismo a um "terrorismo de Estado".

Washington mobilizou uma força militar significativa no Caribe e no Pacífico, onde tem bombardeado embarcações de supostos narcotraficantes. Mais de 25 barcos foram atingidos, o que provocou a morte de mais de 100 pessoas.

Trump também tem ameaçado dar início a uma intervenção terrestre na Venezuela há semanas. O presidente americano já chegou a dizer que não "descarta" uma guerra contra o país latino-americano, que ele também ameaçou com um embargo de petróleo.

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Caracas denuncia a ação como um pretexto para derrubar o presidente Nicolás Maduro e se apoderar do petróleo venezuelano.

Crítica regional

Nesta semana, Milei causou polêmica ao publicar nas redes sociais uma ilustração em que comparava Brasil, Uruguai, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa a uma grande favela e os demais países da América do Sul como áreas futuristas.

No discurso de hoje, o argentino disse que a experiência mostrou que seu país já decidiu romper com o "modelo falido" de protecionismo, burocracia e a complacência. Ele sustentou que a Argentina se tornou um país que produz, comercializa e compete internacionalmente sem depender "do capricho de Estados nem de regulações absurdas". "Se realmente queremos prosperidade, aceitamos a coragem de deixar para trás as receitas fracassadas", continuou.

Sobre a vitória de José Antonio Kast no Chile, Milei disse que ela expressa "uma clara demanda social por economias mais competitivas, abertas e flexíveis". "A mudança política na América Latina deve ser interpretada como um claro sinal ao Mercosul". Ele disse que os países que não acompanharem essa nova realidade seguirão em uma inércia que o mundo já deixou para trás.

Milei finalizou: "A pergunta que vemos nos fazer hoje é simples: queremos um Mercosul que seja um motor de crescimento ou um freio para o futuro? A Argentina já respondeu a essa pergunta. Liberemos as forças produtivas que ficaram décadas contidas".

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O vídeo com discurso foi publicado pela comunicação do governo argentino, com atraso. O governo brasileiro transmitiu ao vivo apenas as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presidente pro tempore do Mercosul até dezembro, e do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Coube aos demais países os registros de seus respectivos presidentes. Somente o Paraguai, que assume a Presidência do bloco em janeiro por seis meses, fez a transmissão em tempo real.

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