Marguerite, a passageira que impediu uma tentativa de estupro de uma brasileira em um trem no leste de Paris, neste mês de outubro, será condecorada com a medalha da Île-de-France, região que engloba Paris. A data da homenagem ainda não foi confirmada, informou a assessoria da administração regional à RFI.
A presidente da região de Île-de-France, Valérie Pécresse, anunciou a honraria nas redes sociais, em reconhecimento à bravura e à prontidão de Marguerite em prestar socorro a terceiros.
O ato de coragem ocorreu em um vagão quase vazio do RER C, em Val-de-Marne, quando a brasileira de 26 anos, Jhordana Dias, estava sendo agredida sexualmente por um homem.
Alertada pelos gritos, Marguerite viu a vítima se debatendo, com o agressor sobre ela. Jhordana, que está na França há pouco tempo e não fala francês, estava com o rosto ensanguentado, tendo sido mordida, arranhada e agredida. Marguerite conseguiu intervir a tempo de evitar que o homem a violentasse.
"Para mim, é inconcebível não fazer nada. Ou você faz alguma coisa ou vai se lamentar por toda a sua vida", disse Marguerite ao jornal Le Parisien. Ela começou a gritar com o agressor para que ele parasse. Quando ele começou a avançar na direção das duas, ela filmou o homem com o celular e informou que estava ligando para a polícia. Quando o trem parou na próxima estação, em Villeneuve-le-Roi, o agressor desceu e fugiu.
O vídeo gravado por Marguerite, com o rosto do agressor, foi fundamental para a polícia conseguir prendê-lo na última sexta-feira (24) . De origem egípcia, o suspeito nega o crime.
Experiência Profissional
Marguerite, que tem cerca de 40 anos, é diretora de uma escola em Val-de-Marne e também de outro estabelecimento na região de Val-d'Oise. Além disso, ela já foi responsável por cerca de quinze centros de alojamento de emergência, onde lida com pessoas em situação de rua, frequentemente com dependência química e comportamentos agressivos.
"Aprendi a lidar com pessoas violentas, às vezes alcoolizadas. Se você mostrar que tem medo, acabou. Poderia ter terminado muito, muito mal para a jovem", disse ela em entrevista à France Télévisions. "Ele viu que eu não tinha medo", declarou, acrescentando que "tenho o hábito de aumentar o tom da voz", uma tática adquirida ao longo de sua experiência profissional.
Agradecimento da vítima
Jhordana Dias agradeceu publicamente, pelas redes sociais, a intervenção de Marguerite. "Naquele momento, minha única reação foi gritar por ajuda, mesmo sabendo que não havia ninguém. Mas, graças a Deus, uma mulher apareceu e me ajudou no meu momento de desespero," declarou Jhordana, que ainda apresentava sinais da agressão ocorrida na semana anterior.