O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 5, que o tratamento dos brasileiros deportados pelos Estados Unidos não se originaram no governo de Donald Trump, mas graças a um acordo firmado entre os dois países antes disso.
"Não é um problema do Trump, esse é um problema que foi feito o acordo ainda na época do governo Temer, depois no governo Bolsonaro, e foi feito ainda no governo Biden. É um acordo de deportação que aqui nós tratamos como repatriação", disse o presidente em entrevista a rádios de Minas Gerais.
As deportações viraram um assunto importante na política brasileira depois de a Polícia Federal intervir contra um avião americano que trazia brasileiros acorrentados de volta para o País. O caso abriu uma crise diplomática entre os dois países.
Além do uso generalizado de algemas e correntes, passageiros relataram falhas no sistema de ar-condicionado, maus tratos e agressões por parte de agentes dos EUA a bordo. O avião, que tinha como destino o Aeroporto de Confins (MG), fez paradas, por causa da pane, no Panamá e em Manaus (AM).
Com o tumulto dentro da aeronave, os passageiros desembarcaram acorrentados e chegaram a usar uma saída de emergência. Comunicado pela Polícia Federal, Lula enviou um avião da Força Aérea Brasileira para concluir o transporte dos 88 deportados até Minas.
O governo Lula chegou a anunciar a criação de um centro de acolhimento aos deportados no Aeroporto Internacional de Confins e de um grupo de trabalho para coordenação com a diplomacia dos EUA, a fim de buscar melhorias no tratamento dispensado aos indocumentados.
Ao todo, as autoridades americanas já possuem ordem de deportar 38 mil brasileiros em condição migratória irregular - e sem direito a recurso.