O chefe de direitos humanos das Nações Unidas, Volker Turk, disse na quarta-feira que seu escritório está em "modo de sobrevivência" devido a grandes cortes de financiamento de doadores globais, enquanto aumentam as violações de direitos e as necessidades em áreas afetadas por conflitos.
"Nossos recursos foram cortados, juntamente com o financiamento de organizações de direitos humanos -- inclusive em nível de base -- em todo o mundo. Estamos em modo de sobrevivência", afirmou aos repórteres o alto comissário do escritório de direitos humanos da ONU (ACNUDH).
O ACNUDH tem US$90 milhões a menos em financiamento do que precisava este ano, o que resultou em 300 cortes de pessoal, impactando diretamente o trabalho do escritório, disse Turk.
"O trabalho essencial teve que ser cortado, inclusive na Colômbia, República Democrática do Congo, Mianmar, Tunísia e outros países, em um momento em que as necessidades estão aumentando", declarou Turk.
Ele disse que as visitas aos países pelos relatores especiais da ONU, que são especialistas independentes, bem como as missões investigativas dos órgãos de apuração de fatos foram reduzidas, enquanto os diálogos com os Estados sobre o cumprimento dos tratados de direitos humanos da ONU tiveram que ser adiados, com o número de revisões dos Estados Partes caindo de 145 para 103.
"Tudo isso tem efeitos extensos sobre os esforços internacionais e nacionais para proteger os direitos humanos", disse Turk, apontando para as graves preocupações com os direitos humanos no Sudão, em Gaza e na Ucrânia.
"Estou extremamente preocupado com a possibilidade de vermos em Kordofan uma repetição das atrocidades que foram cometidas em al-Fashir", afirmou ele, referindo-se ao conflito no Sudão.
