A família de Juliana Marins, morta após acidente na Indonésia, recorreu à Justiça Federal no Brasil para solicitar nova autópsia; perito relata que é possível realizá-la mesmo após embalsamamento.
A família da brasileira Juliana Marins, que morreu após cair de uma trilha no cume do Monte Rinjani, na Indonésia, e esperar por resgate por quatro dias, recorreu à Justiça Federal para solicitar a realização de uma nova autópsia no corpo da jovem no Brasil.
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O pedido foi feito após perícia na Indonésia descartar que a morte tenha sido causada por hipotermia.
Autópsia após embalsamento?
Para que o corpo de Juliana possa ser transportado da Indonésia para o Brasil, ele foi submetido a um processo de embalsamamento para preservação. A técnica tem como principal objetivo não apenas conservar o corpo, mas também mantê-lo o mais próximo possível da aparência que o falecido tinha em vida.
Mas é possível realizar uma autópsia após o embalsamamento?
Em entrevista ao Terra, o perito forense Sérgio Hernandez Saldias disse que sim. O embalsamamento é feito quando é necessário preservar o cadáver para algum procedimento posterior, como um exame necroscópico, retardando a decomposição.
Como é o processo?
De acordo com ele, o processo geralmente consiste na substituição do sangue por uma solução de água e formol. Além de auxiliar na conservação, essa prática mantém a aparência do falecido, reduz o odor e elimina microrganismos.
O perito explicou que o embalsamamento não impede a realização da necropsia para determinar a causa da morte ou as circunstâncias que contribuíram para ela, especialmente em casos de mortes suspeitas ou violentas.
“O sangue só seria utilizado para o exame toxicológico, porém, poderá ser realizado através de outras matrizes biológicas. Na necropsia se analisará o crânio, tórax, abdômen e membros, para verificar fraturas, hemorragias, danos viscerais e assim conseguir estimar a causa morte", destacou Saldias.
O que disse a primeira autópsia?
O legista Ida Bagus Putu Alit afirmou que a ausência de sinais como necrose nas extremidades do corpo, permite "afirmar com segurança" que a jovem não faleceu devido ao frio, mesmo com temperaturas próximas de 0°C à noite.
Juliana estava vestindo apenas calça e blusa, sem equipamentos adequados, o que levantou questionamentos sobre sua sobrevivência em tais condições climáticas.
Segundo a autópsia realizada em Bali, Juliana ficou quatro dias ferida até morrer. "De acordo com meus cálculos, a vítima faleceu na quarta-feira, 25 de junho, entre 1h e 13h [horário local]", declarou o legista do Hospital Bali Mandara à BBC News.
A jovem teria sofrido um "trauma torácico grave" após cair pela segunda vez na encosta da montanha. O laudo também indica que ela morreu entre 50 minutos e 12 horas antes do resgate.