Maduro desqualifica críticas de ex-ministros ao seu governo

Presidente reagiu assim à carta divulgada ontem pelo ex-ministro de Educação e Eletricidade, Héctor Navarro

26 jun 2014 - 02h04
(atualizado às 02h17)
Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos EUA aprovou nesta sexta-feira um projeto de lei bipartidário que impõe sanções contra alguns funcionários do governo do presidente Nicolás Maduro
Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos EUA aprovou nesta sexta-feira um projeto de lei bipartidário que impõe sanções contra alguns funcionários do governo do presidente Nicolás Maduro
Foto: Reuters

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, desqualificou nesta quarta-feira as novas críticas feitas por ex-ministros chavistas e, depois de situá-los com parte de uma "esquerda ultrapassada", se queixou dos ataques contra sua gestão em tempos de combate, quando "o inimigo" quer destrui-lo.

Maduro reagiu assim à carta divulgada ontem pelo ex-ministro de Educação e Eletricidade, Héctor Navarro, que defendeu o ex-ministro e ex-vice-presidente de Planejamento, Jorge Giordani, que na semana passada emitiu um comunicado criticando duramente a administração da economia no atual governo.

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"Alguns destes ultrapassados da esquerda não têm consideração, nos atacam no momento em que o inimigo quer cortar nossas cabeças e nos destruir. A história os julgará e eles enfraquecerão, assim como todos os outros que atacaram nossa pátria", disse nesta quarta-feira o presidente venezuelano.

Giordani, que foi substituído no cargo no último dia 17, acusou Maduro de não transmitir liderança, de dar a sensação de vazio de poder e de tomar decisões equivocadas em matéria econômica, incluindo o desperdício nas campanhas eleitorais.

Navarro, por sua vez, exigiu em sua carta que sejam investigadas as irregularidades na entrega de divisas administradas pelo governo, uma fraude reconhecida pelo próprio Executivo e denunciada por Giordani há mais de um ano. Além disso, pediu que Maduro se comporte "como um estadista" diante das críticas ao seu governo.

O texto causou a suspensão de Navarro como membro da direção nacional da formação política que governa o país, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), uma medida que foi anunciada hoje.

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Outra ex-ministra chavista, Ana Elisa Osorio, não só divulgou o texto de Navarro, mas também disse no Twitter: "Exortamos à Assembleia Nacional que tire a poeira de cima da lei contra a corrupção e puna os corruptos: esses são os grandes traidores da Revolução".

Maduro declarou que a Venezuela vive "um período de definições" e pediu aos chavistas "que façam suas escolhas, que definam se estão com o governo revolucionário de Nicolás Maduro" ou "com outros projetos personalistas".

Maduro insistiu que seu plano de governo é o mesmo de Hugo Chávez (1999-2013), por isso, afirmou, não são legítimas as críticas a sua administração de dentro do chavismo. No entanto, o chefe de Estado garantiu que acredita nas "críticas e na sabedoria do povo".

Na oposição, as críticas de nomes do chavismo à gestão de Maduro estão sendo encaradas como um "racha", um sintoma da "decomposição interna" do PSUV e que evidência a desonestidade do governo.

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