Argentina: novo DNA é encontrado em apartamento de promotor

Corpo de Alberto Nisman foi encontrado em seu banheiro no dia 18 de janeiro

10 fev 2015 - 15h23
(atualizado às 16h54)
<p>Nisman não dava mostras de ser suicida, afirmaram amigos</p>
Nisman não dava mostras de ser suicida, afirmaram amigos
Foto: Marcos Brindicci / Reuters

Especialistas forenses encontraram indícios de DNA de uma segunda pessoa no apartamento onde um promotor argentino foi achado morto no mês passado, depois de acusar a presidente do país de acobertar os autores de um atentado de 1994 na capital.

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Os investigadores esperam que a nova prova de DNA esclareça o caso, que desencadeou teorias conspiratórias envolvendo a presidente do país, Cristina Kirchner, agentes de inteligência rebelados e um grupo de iranianos acusados nos tribunais argentinos de terem bombardeado o centro comunitário judaico Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) 21 anos atrás.

O corpo do promotor Alberto Nisman foi encontrado em seu banheiro no dia 18 de janeiro, com um tiro na cabeça e uma pistola ao lado. Ele tinha uma audiência no Congresso para apresentar seu caso no dia seguinte, quando iria acusar Cristina de tentar desencaminhar a investigação criminal sobre o ataque que matou 85 pessoas.

Até esta terça-feira não havia sinais de mais ninguém no apartamento de Nisman em Buenos Aires. A juíza encarregada do caso apresentou documentos à corte dizendo que uma amostra “correspondendo a um perfil genético diferente do de Nisman” foi encontrada.

Manifestantes pedem justiça em caso de promotor argentino morto. 04/02/2015.
Foto: Marcos Brindicci / Reuters

As pessoas que visitaram Nisman nos dias que antecederam sua morte serão convocadas para fornecer amostras de DNA, afirmou a juíza Fabiana Palmaghini.

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O chefe de gabinete da presidente, Aníbal Fernández, declarou aos repórteres nesta terça-feira que tudo indica que Nisman tirou a própria vida. Mas o governo tem emitido sinais contraditórios, o que deixa a população confusa sobre a morte do promotor.

Na segunda-feira, Gustavo López, um subsecretário da presidência, disse que a morte misteriosa é parte de “uma tentativa de golpe de Estado, que almeja se livrar da presidente”.

Argentina: protesto exige justiça após morte de procurador
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Nisman não dava mostras de ser suicida, afirmaram amigos. Ao contrário, eles disseram que ele estava pronto para ir ao Congresso no dia 19 de janeiro para apresentar o caso e sustentar que Cristina conspirou para livrar os suspeitos do atentado como maneira de ter acesso ao petróleo iraniano, necessário para ajudar a sanar o déficit energético anual de 7 bilhões de dólares da Argentina.

O governo classificou a acusação de ridícula. Cristina deixa o governo no final do ano, impedida por lei de concorrer a um terceiro mandato.

O próximo grande passo da investigação deve ser o testemunho do ex-chefe do serviço de espionagem argentino, Antonio Stiusso, demitido pela presidente em dezembro. Aníbal Fernández afirma que Stiusso convenceu Nisman a fazer a acusação de conspiração contra Cristina em represália por sua demissão. 

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