Egito teve 250 casos de estupro em 3 meses, afirmam ONG's

Entre novembro de 2012 e janeiro de 2014, 250 casos foram relatados; grande parte nos arredores da Praça Tahrir, no Cairo, palco de revoltas anti-governo

16 abr 2014 - 13h00
(atualizado às 13h00)
<p>Soraya Bahgat, fundadora do grupo anti-assédio Tahrir Bodyguard, realiza movimento de auto-defesa, em oficina organizada pelo grupo em resposta a onda de violência sexual contra mulheres no Cairo, Egito. Foto de fevereiro de 2013</p>
Soraya Bahgat, fundadora do grupo anti-assédio Tahrir Bodyguard, realiza movimento de auto-defesa, em oficina organizada pelo grupo em resposta a onda de violência sexual contra mulheres no Cairo, Egito. Foto de fevereiro de 2013
Foto: AP

A violência sexual contra as mulheres continua a ser um flagelo no Egito, onde centenas foram abusadas desde 2011, especialmente durante manifestações, sem que os responsáveis por esses atos tenham sido processados , de acordo com um relatório de ONGs divulgado nesta quarta-feira.

"Os seguidos governos egípcios não combateram a violência contra as mulheres, e isso tem implicações importantes para a (sua) participação na transição política do país", ressalta este relatório das organizações de defesa dos direitos Humanos.

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Numerosos ataques sexuais foram registrados durante os protestos que marcaram a revolta que derrubou Hosni Mubarak há três anos, sob o regime militar que assegurou a transição, e depois sob a presidência do islamita Mohamed Mursi, destituído pelo Exército no dia 3 de julho.

Entre novembro de 2012 e janeiro de 2014, 250 casos foram relatados, incluindo uma grande parte nos arredores da Praça Tahrir, no Cairo, local emblemático das revoltas anti-Mubarak e anti-Mursi, segundo o relatório.

"As sobreviventes e testemunhas relataram o mesmo tipo de abordagem: dezenas de homens cercam (as vítimas), rasgam suas roupas e apalpam seus corpos".

"Algumas foram estupradas por vários agressores, muitas vezes armados com paus, pás e outras armas".

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"No entanto, até março de 2014, nenhum dos criminosos foi levado perante a justiça", denunciam as organizações, incluindo a Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH).

O relatório inclui o testemunho de várias vítimas.

"Os homens agiram como leões sobre um pedaço de carne, suas mãos estavam por todo o meu corpo e sob minhas roupas rasgadas", disse uma delas, agredida durante uma manifestação em junho de 2012.

"Vários homens me estupraram ao mesmo tempo. De repente, eu estava no chão e os homens puxavam meu cabelo, pernas e braços que continuam a me estuprar", acrescenta ela.

As organizações de defesa dos direitos Humanos acusam as autoridades militares no poder de não realizar uma investigação para perseguir os agressores, sejam "atores estatais ou civis".

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"Medidas (...) são requisitadas para proteger e promover o direito das mulheres a viver sem violência" e "a participar na construção do futuro do Egito", insistiu o diretor executivo da Nazra for Feminist Studies, Mozn Hassan.

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