Com tom ameno, último debate entre candidatos à Prefeitura de SP tem Nunes como alvo, parceria com Datena e embates entre Marçal e Boulos

Último encontro entre os candidatos antes do primeiro turno da eleição 2024 foi promovido pela TV Globo

3 out 2024 - 22h33
(atualizado em 4/10/2024 às 02h10)
Candidatos à Prefeitura de São Paulo, em ordem alfabética: Datena (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB)
Candidatos à Prefeitura de São Paulo, em ordem alfabética: Datena (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB)
Foto: Globo/Bob Paulino

Após uma corrida eleitoral marcada por cadeirada, violência física e muitos xingamentos, os candidatos à Prefeitura de São Paulo fugiram do 'tudo ou nada' e adotaram um tom mais ameno e mais propositivo no último debate antes do primeiro turno, realizado na noite desta quinta-feira, 3, na TV Globo.

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O encontro foi marcado por críticas à gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), dobradinha de Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB) contra a extrema esquerda, afago de Guilherme Boulos (PSOL) à periferia e tentativa de Tabata Amaral (PSB) de fugir do voto útil. 

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Alvo na gestão Nunes

Os embates iniciais focaram na atual gestão. Enquanto os adversários tentaram se apresentar como uma alternativa de mudança para a capital paulista, Nunes focou em defender o seu legado. 

O prefeito foi quem abriu a rodada e evitou os principais adversários --Boulos e Marçal--, que protagonizam o empate técnico triplo nas intenções de votos nas principais pesquisas eleitorais. Ele explorou a pauta econômica, questionando Datena sobre redução de impostos em seu governo, buscando se apresentar como liberal e de olho nos eleitores de direita. 

O apresentador respondeu de maneira crítica, afirmando que o atual prefeito 'cometeu um grave erro em, de forma definita, não lutar mais por São Paulo' na redução do Imposto Sobre Serviço (ISS). 

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As críticas à gestão foram mantidas por Tabata, que questionou se Nunes estaria 'satisfeito' com as condições em que a cidade se encontra. O candidato à reeleição rebateu e alfinetou o mandato da deputada federal. "É muito fácil ficar só criticando. Como deputada, vimos pouquíssimo da sua ajuda". 

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A peessedebista direcionou ao eleitor: "Ele não responde e diz que (a cidade) está a oitava maravilha”, e emendou com propostas para educação, saúde e segurança pública: "Dá pra melhorar. Mas esse prefeito é pequeno demais”, disse. “Não precisa ofender”, retrucou Nunes, que acusou a adversária de não ter votado a favor de um projeto que aumenta a pena de crimes.

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O governo de Nunes também foi tema de dobradinha entre Tabata e Boulos. O candidato do PSOL questionou a adversária sobre os erros de Nunes na Saúde municipal. A deputada chamou a gestão de 'medíocre e inoperante' e destacou a demora da população na realização de exames. O atual prefeito, por sua vez, chegou a dizer que sofre críticas injustas.

Marçal, novamente isolado pelos adversários em debate, se colocou como o candidato antissistema em uma dobradinha com Boulos. O ex-coach afirmou ser o único que não teve propaganda em rádio e TV e não usou fundo público eleitoral: "Sou o único que não deve favor para ninguém".  Já o psolista voltou a fazer um aceno à periferia, ao dizer que vai levar emprego para fora dos grandes centros, e criticou a postura do adversário.

"Quero dialogar com quem perdeu a crença na política e acha que nada vai mudar. Eu te entendo. Tem gente que usa a política para ganhar dinheiro, tem gente que só aparece de 4 em 4 anos. Essa é a nossa diferença, eu tô na luta e não é de hoje. Sou deputado e moro na mesma casa no Campo Limpo." 

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Adversários alfinetam mudança de postura de Marçal  

O tom moderado dos candidatos no último debate não passou desapercebido ao longo do evento, principalmente a postura de Pablo Marçal (PRTB), que deixou de lado o tom agressivo e o uso de apelidos pejorativos adotados ao longo da campanha, enquanto criticava os adversários Nunes e Boulos. 

"Está todo muito fofinho, apertando o olhinho, se comportando nesse debate. Graças ao bom Deus. Mas é a primeira vez que acontece, não se esqueçam de como se portaram nos últimos [debates]”, afirmou Tabata Amaral, em crítica aos adversários

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Em um dos últimos embates do terceiro bloco, Guilherme Boulos questionou Marçal sobre a escolha de secretariado, mas antes alfinetou a postura do perretebista. “Eu tô achando muito esquisito o perfil que o Marçal adotou hoje”, disse o candidato do PSOL.

"Ele tumultuou as eleições todas e quer pagar de bonzinho. É o lobo na pele de cordeiro. O Marçal acusar alguém de extremista é igual a Suzane von Richthofen acusar alguém de assassinato. É impressionante", afirmou, ainda, Boulos. 

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Marçal rebateu e, pela primeira vez, subiu o tom no debate: "É um papinho de ‘esquerdopata’ maluco, igual você”, disse o candidato do PRTB na tréplica. “Não caia nessa falácia de Guilherme Boulos. Guilherme é depredador de patrimônio publico, apoiador de rachadinha”. 

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Boulos aposta em periferia e Tabata tenta rebater voto útil 

Em busca de maior adesão entre os eleitores das regiões periféricas de São Paulo, Guilherme Boulos direcionou o discurso ao grupo e, nos primeiros blocos, citou o nome e as marcas do governo de sua vice e ex-prefeita, Marta Suplicy (PT). O psolista também mencionou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como tentativa de convencer o eleitorado de que a parceria com o governo federal pode favorecer a população de baixa renda. 

O candidato apresentou propostas específicas para bairros mais afastados do Centro da capital paulista. Em troca com Datena, Boulos ressaltou a 'descentralização da cultura para a periferia e as periferias das periferias', a implementação de escolas integrais e psicólogos em todas as escolas municipais. 

Assim como no último debate, Tabata Amaral questionou as discordâncias de Boulos com o discurso do PSOL, na tentativa de neutralizar a busca por voto útil feita por seus aliados. Ela perguntou se o eleitor deve confiar no 'Boulos dos marqueteiros ou no Boulos do PSOL?'. 

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Boulos evitou o confronto direto e respondeu de maneira genérica, criticando a concessão dos cemitérios. Tabata rebateu afirmando que tem coerência e que não mudaria nem por pressão, cancelamento ou eleição

A candidata também fez um aceno à direita, afirmando que não reverterá medidas positivas para a população. "As boas ideias da esquerda e da direita serão continuadas, não tenho preconceito", disse Tabata, ao expor um programa que a Prefeitura atue como fiadora para pessoas de baixa renda, permitindo o aluguel de imóveis no Centro de São Paulo. 

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Dobradinha contra extrema esquerda

O tema da ideologia política foi levantado por Marçal em uma 'dobradinha' com Datena. Os dois --que protagonizaram um dos momentos mais violentos da campanha, com a cadeirada do apresentador contra o ex-coach no debate da TV Cultura-- repetiram a estratégia do debate promovido pela Folha de S.Paulo.

O candidato do PRTB se apresentou como o único candidato da direita à Prefeitura de São Paulo, afirmou que Boulos é 'extrema esquerda' pintado de centro pelos marqueteiros e questionou se o 'extremismo' pode governar a capital. 

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"De jeito nenhum. O que está nos extremos, Pablo Marçal, é horrível. Há gente boa na esquerda e há gente boa na direita", respondeu Datena, ao declarar que não é contra a esquerda que Lula defende e nem a direita de Bolsonaro Jair (PL). 

"O comunismo de extrema esquerda do [Josef] Stalin, do [Leon] Trótski. O Stalin matou 70 milhões de pessoas. Por outro lado, na extrema direita, eu continuo insistindo: o fascismo do [Adolf] Hittler, do [Benito] Mussolini, e coisas que tais, matou numa 2ª Guerra Mundial 6 milhões de judeus e 50 milhões de pessoas. O que está no extremo não é bom", disse o apresentador. 

Marçal concordou e acusou Boulos de 'destruir o hino nacional', citando episódio em que o hino foi cantado em linguagem neutra em evento do PSOL. Sobre Ricardo Nunes, o peerretebista diz que seu 'secretariado é de esquerda' e frisou que Marta Suplicy, vice de Boulos, é ex-secretária da atual gestão.

"O extremismo não pode governar São Paulo. São Paulo é uma cidade conservadora, eu sou cristão", finalizou.

Fonte: Redação Terra
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