Professor defende games na escola e indica títulos para alunos

Eucidio Pimenta Arruda, professor da Faculdade de Educação da UFU, defende os jogos de videogame como uma fonte de aprendizado

Arruda indica seis games que para ele ajudam os estudantes

A série Age of Empires aborda a história de diversas regiões

O jogo "proporciona ao jogador se tornar uma espécie de imperador de diferentes regiões como Grécia, Roma, Turquia, Império Otomano, Assírios, Inglaterra, Alemanha, Holanda, etc.", diz o pesquisador

No último jogo da série, o Age of Empires III, o jogador pode vivenciar, por exemplo, as guerras da Espanha contra os astecas

"Em cada versão do jogo há impérios específicosde uma época e o jogador pode escolher e situações históricas paravivenciar ou construir a própria história de conquistas de seu império", diz

"(O jogo) permite ao jogador recriar períodos históricos conforme a sua imaginação", afirma o professor

O Age of Empires II se concentra principalmente na Idade Média

"É um jogo que privilegia a guerra e o conflito armado", diz Arruda

O primeiro jogo da série aborda a Antiguidade

São mais de 10 mil anos de história em um único jogo

A série ainda inspirou outro título da Microsoft, o Age of Mythology

Como o nome indica, o game privilegia mais a mitologia do que a história

O jogador pode aprender sobre mitos e deuses gregos, vikings e egípcios

O segundo jogo recomendado por Arruda é a série Civilization, com cinco títulos

"Um dos jogos mais importantes com temática em História. Privilegia, principalmente, as estratégias políticas do jogador", diz o professor

"Ele deve escolher, conforme o período histórico, um império, estado nacional ou país"

"O foco do jogo são as relações entre países que permitem que o jogador crie relações comerciais, culturais, empréstimos, desenvolvimento e também conflitos com personalidades políticas de determinadas épocas"

"Jogo extremamente recomendado na área de História, porém de razoável complexidade, além de demandar um bom tempo de jogo para se alcançar seus objetivos", complementa

A série Making History (I e II) também é recomendada por Arruda

Segundo ele, o jogo foi especialmente criado para o ambiente escolar e lembra o jogo de tabuleiro War

"O jogador se depara com um período anterior ao início da segunda guerra mundial e precisa conduzir o seu país entre os anos de 1933 e 1945", afirma o professor

"O jogo exige do jogador raciocínios no campo da economia, indústria civil e bélica, estratégias de guerra, pesquisa científica, geografia das regiões, etc."

"Ele possui referencial histórico bem mais próximo dostrabalhos acadêmicos e escolares, exatamente por ser um jogo decaráter educativo com características de um jogo comercial"

World in Conflict é um dos títulos recomendados

"Este jogo é da chamada História contrafactual, ou seja, um jogo cuja história é baseada em acontecimentos, mas com uma perspectiva de ficção, de construção total de acontecimentos não ocorridos", diz Arruda

O game é de estratégia em tempo real e é focado na Guerra Fria

"O jogo se inicia em 1989 com a declaração de guerra da União Soviética aos Estados Unidos"

"É um jogo interessante para o professor discutir a relatividade nas interpretações de fatos e acontecimentos históricos", diz Arruda

Rome: Total War e Medieval Total War são também recomendados por Arruda

"São jogos de batalhas históricas e fictícias sobre o período romano e medieval", diz

"Este jogo é altamente complexo e demorado"

"Ele privilegia os conflitos, as estratégias de guerra que envolvem não apenas a batalha em si, mas a competência do jogador em escolher aliados, organizar suas tropas, seus alimentos"

"Também envolve o jogador em uma dimensão temporal interessante, pois ele é levado a raciocinar sobre a complexidade de cada ação tomada por um sujeito e nas suas respectivas consequências para a vida de seus personagens (no caso, do jogo)"

Um dos títulos recomendados pelo professor é gratuito

O brasileiro Tríade foi criado pela Universidade do Estado da Bahia, sob a coordenação daprofa. Lynn Alves

"O jogo simula o período histórico da Revolução Francesa"

"Chama a atenção a grande qualidade da produção, tanto em seuaspecto técnico quanto pedagógico"

"A simulação do jogo parte da perspectiva da microhistória e o jogador escolher personagens comuns da época e, ao longo do jogo, precisam cumprir pequenas tarefas que permitem a eles entrar em contatos com objetos, arquitetura, personagens e referencias culturais do período", conclui

"Nos jogos é errando que se aprende. Na escola, é acertando que se aprende. Além disso, os games possibilitam troca de estratégias, onde o mais experiente ensina o inexperiente e vice -versa. Já nos colégios, ainda existe uma certa dificuldade na aceitação de que o conhecimento não é produzido apenas pelo professor", diz

Essa diferenciação entre as duas linguagens, uma de ensino tradicional e a outra através da tecnologia, possivelmente iria ajudar os considerados "maus alunos", mas que possuem ótimo despenho no mundo virtual

"Na minha tese de doutorado, a grande maioria dos jogadores analisados por mim não eram considerados bons alunos, segundo suas próprias palavras. Há um distanciamento entre escola e sociedade, que tem dificultado, de uma forma ainda invisível, o sucesso na formação dos alunos. O videogame poderia fazer a ponte entre as duas estruturações"