Filho prepara homenagem ao pai, vítima de covid-19

O músico e dentista George Berkeley Patiño, 78 anos, vai ganhar um documentário

29 jun 2020 - 15h02
(atualizado às 15h32)

Nascido na Bolívia e formado em odontologia pela USP – campus Ribeirão Preto -, George Berkeley Patiño era um grande divulgador da música folclórica latina e do bolero no Rio de Janeiro, onde viveu muitos anos. Morava ultimamente nos Estados Unidos e não resistiu à covid-19, doença contra a qual não venceu batalha encerrada em 7 de junho.

Para aplacar a dor da perda, e mesmo transformá-la, o jornalista e produtor cultural George Patiño Junior tomou para si a responsabilidade de fazer algo à altura de seu amor pelo pai – vai produzir e dirigir um documentário contando a vida do personagem que lhe traz tantas memórias afetivas, muitas delas ligadas à arte, à música.

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Pai e filho tinham em comum o amor pela música
Pai e filho tinham em comum o amor pela música
Foto: Divulgação

“Meu pai acostumou-se a reunir num sítio em Mendes (interior do Rio) o grupo de músicos que montou – “Los Latinoamérica-Nós”. Cantava, fazia serestas, era apaixonado pelo bolero, por canções folclóricas latinas. Em 1996, deixou o Brasil para viver nos Estados Unidos. Falávamos sempre. Ele foi detectado com o novo coronavírus em maio, mas já estava bem melhor. Conversamos no dia 6 de junho. Naquela noite, seu quadro de saúde se agravou repentinamente. Sofreu horas depois uma parada cardíaca.”

George Filho tem dois irmãos, solidários ao projeto. Sua mãe, Rosalina Cardoso de Freitas, também o incentiva e o apoio vem ainda de sua madrasta, Rosa Cristina Chiavoloni – o dentista se casou duas vezes. Para viabilizar o documentário, abriu uma campanha de financiamento coletivo, acessada no seguinte link: www.kickante.com.br/boleros-do-mundo.

“Quero levar para o cinema a história de quem esteve em busca de si mesmo ou em fuga de si mesmo. De quem abandonou tudo, incluindo a carreira profissional, em nome de um sonho. Meu pai viveu na Bolívia, mais de uma vez nos Estados Unidos, onde conheceu minha mãe, e no Brasil. Cativava por ser cordato e abria as portas de casa para imigrantes e artistas. Fez amizades com nomes de ponta da nossa cultura, como Tito Madi, um segundo pai para mim. Foi tenista e fotógrafo amador, andou pelo teatro, encenando algumas peças, teve aulas de canto, percussão, violão e teclado. Uma vida intensa, dinâmica, repleta.”

Fonte: Silvio Alves Barsetti
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