Leite, batata e tomate puxam o aumento da inflação

Expectativa de eventos extremos do clima agita mercado e acelera a escalada de preços

26 mai 2022 - 14h34
(atualizado às 17h42)

Professores do curso de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) criaram o Índice de Inflação da Cesta Básica para a região de Curitiba e para o Brasil, publicado mensalmente a partir de outubro de 2021. O índice é inédito, pois leva em consideração apenas a inflação dos produtos da Cesta Básica.

"O indicador é calculado com base nos 13 produtos de alimentação definidos pelo Decreto Lei n° 399, de 30 de abril de 1938, que regulamentou o salário mínimo no Brasil e que continua em vigência", diz Jackson Bittencourt, economista e coordenador do curso.

Para o cálculo, foram utilizados como base de ponderação as despesas de consumo das famílias residentes nas áreas urbanas, com rendimentos entre 1 (um) e 40 (quarenta) salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos, obtidos a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE de 2017-2018.

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"Sem dúvida a inflação afeta muito mais as pessoas de rendimentos mais baixos, mas na atual conjuntura ela tornou os preços dos itens da Cesta Básica inacessíveis para muitos brasileiros", conclui o professor.  

 

Foto: Climatempo

Foto: arquivo Istock

 

Condições climáticas

A conclusão dos especialistas da PUCPR é que alguns alimentos podem sim ter uma redução no preço por causa das condições climáticas. Mas esse fator depende de vários outros elementos para ter um impacto mais significativo, como, por exemplo, a queda da taxa de juros, isenção de impostos, ou a diminuição do preço dos combustíveis, para melhorar o escoamento da produção de grãos e alimentos.

É importante lembrar que a última onda de frio provocou perdas na agricultura, principalmente nas safras de milho, feijão e hortifruti. Apesar destes itens não estarem dentro da cesta básica, o consumidor pode sentir no bolso o reflexo da diminuição da oferta do produto no supermercado, feiras livres e entrepostos.

O economista Miguel Daoud acredita que a escalada do preço irá continuar no mês de junho. "O hortifruti possui um peso considerável na inflação, mas que não aparece na análise dos itens da cesta básica. A inflação está vivendo um momento de manutenção e aceleração e o clima é um fator que potencializa a especulação e, consequentemente, a alta dos preços," conclui Daoud.  

Junho começa com chuva e frio nas áreas agrícolas

Ao longo da primeira semana de junho, a chuva se espalha ainda mais sobre parte do Brasil, alerta a Climatempo. A estimativa é de mais de 100 milímetros no Paraná, Mato Grosso do Sul, oeste e sul de São Paulo. A precipitação mais fraca alcança Mato Grosso, o sul e oeste de Goiás e o Triângulo Mineiro. Além da chuva, há previsão de retorno do frio.

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As simulações dos modelos de previsão indicam queda de temperatura na semana que vem, com o avanço de uma onda de frio menos intensa, mas com formação de geada prevista para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Nas demais áreas produtoras do Brasil, não há estimativa para geada.

Nas áreas de café de Minas Gerais, o alerta de frio pode influenciar o mercado com o indicativo de temperaturas mínimas entre 3ºC e 6ºC. Vale ressaltar que não há expectativa de frio intenso, alerta o agrometeorologista Celso Oliveira.

No Paraná, foi iniciada a colheita da segunda safra de milho com 196 hectares colhidos na região de Laranjeiras do Sul. Contudo, a colheita ganha ritmo somente a partir da segunda quinzena de junho.

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