O presidente da Comissão da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo, Gilberto Natalini (PV), afirmou nesta terça-feira, durante a divulgação de um subrelatório que aponta que o ex-presidente da República Juscelino Kubitscheck de Oliveira foi vítima de conspiração, complô e atentado político em 22 de agosto de 1976 - data de sua morte -, que o motorista de JK, Geraldo Ribeiro, foi baleado.
“Qualquer jovem ou criança mais esperta conclui que ele levou um tiro", disse Natalini. Para o vereador, é necessário que o Brasil declare que Kubitscheck "morreu de morte matada e não de morte morrida". "Quem o matou precisa ser punido."
Para Natalini, a tese do assassinato é totalmente crível. "Acreditamos em tudo o que nós ouvimos. O governo mandou matar o ex-presidente Juscelino Kubitscheck, já que ele tinha condições de vencer a eleição de 1978. Ele foi morto e não morreu em um acidente de carro. É o que nós acreditamos", disse.
Para o vereador, é necessário que o Brasil declare que Kubitscheck "morreu de morte matada e não de morte morrida". "Quem o matou precisa ser punido", disse.
Kubitscheck morreu em um "acidente" automobilístico na rodovia presidente Dutra. O relatório considera nula a causa da morte oficial, justamente a que aponta para acidente de trânsito, em uma viagem de São Paulo para o Rio de Janeiro.
O documento lista 90 indícios, evidências, provas, testemunhos, circunstâncias, contradições, controvérsias e questionamentos para chegar à conclusão final. As informações foram colhidas em nove meses de trabalho por parte da comissão.
De acordo com o relatório, em 1976, Juscelino trabalhava discretamente a sua candidatura à presidência da República, na eleição, a princípio, indireta, em 1978. "Morto JK, a ditadura elegeu como presidente o quinto general do ciclo militar, o chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) João Baptista Figueiredo, o mesmo Figueiredo que foi aluno do brigadeiro Newton Junqueira Villa-Forte", relata o documento.
"Não há nenhum documento tão completo como o feito por essa comissão. Que não deixa dúvidas sobre o assassinato do ex-presidente da República", disse o vereador Ricardo Young (PPS), um dos que assinam o documento.
Kubitscheck morreu junto com seu motorista, Geraldo Ribeiro, cerca de dois minutos e meio após ambos entrarem em um Opala. Os dois saíram do hotel-fazenda Villa-Forte, de propriedade do então brigadeiro Newton Junqueira Villa-Forte, um dos criadores do SNI.
Em uma perícia realizada nas duas ossadas, em 1996, médicos legistas encontraram um objeto metálico no crânio de Geraldo Ribeiro. À época foi identificado como o fragmento de um prego do próprio caixão. O legista que analisou o crânio contou à Comissão da Verdade que ficou surpreso com a informação, semanas depois da exumação dos restos mortais de Ribeiro, de que o crânio já estaria esfarelado no momento da exumação, o que impediria qualquer constatação de furo provocado por tiro.