Os 20 minutos de atraso no início da sessão da 1ª Turma do STF nesta quinta-feira, 11, aumentaram a expectativa para saber qual seria o clima entre os ministros um dia após Luiz Fux monopolizar o microfone para declarar o voto pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em sessão que durou mais de 14 horas. Não teve tensão, mas não faltaram alfinetadas ao magistrado carioca.
Durante o voto de Cármen Lúcia, Flávio Dino e Alexandre de Moraes interromperam a decana e fizeram comentários cheios de indiretas para Fux, que ficou a maior parte do tempo de cabeça baixa e evitou encarar os colegas.
A única interação de Fux com os demais ministros aconteceu logo após Cármen Lúcia votar pela condenação de Bolsonaro, o que, naquele momento, representou a maioria do STF. O magistrado e Dino cochicharam por cerca de três minutos.
O ministro ainda esboçou um riso tímido quando, em meio ao voto, Cármen Lúcia contou que, em uma farmácia, foi abordada por uma senhora que confundiu os termos neutralização e harmonização. A lembrança apareceu justamente quando a ministra tratava do plano para assassinar o ministro Alexandre de Moraes.
Com o resultado já encaminhado, a defesa de Bolsonaro deixou o plenário e não acompanhou o voto de Cristiano Zanin. Durante a fala do presidente da 1ª Turma do STF, os demais ministros pareciam com os olhares mais dispersos.
O clima de descontração tomou conta durante a dosimetria e teve tempo até para um papo boleiro entre Moraes e Dino. "Eu não falei com Vossa Excelência a maldade que me fizeram ontem. Perdi quase 2/3 do jogo do Corinthians contra o Athletico-PR. Eu cheguei em casa e já estava 2 a 0, para a minha felicidade, mas perdi aquele momento de felicidade pelos dois gols. E para aqueles que não se recordam, eu fiz o ministro Flávio Dino vestir a camisa do Corinthians, na Arena, e junto com os dois filhos, que são corintianos", brincou Moraes.
Dino ainda foi protagonista de outro momento de brincadeira durante a sessão quando Cármen Lúcia afirmou que o ministro Luis Roberto Barroso vai cantar em seu aniversário de 104 anos. O magistrado afirmou que esperava que o presidente do STF estivesse aposentado até lá.