Lula e Trump devem conversar por telefone ou videochamada, diz Mauro Vieira na ONU

Durante seu discurso na ONU, Trump disse que ele e Lula concordaram em se reunir na próxima semana

23 set 2025 - 17h24
(atualizado às 17h26)
Trump diz que abraçou Lula e fala em 'boa química' ao anunciar encontro na próxima semana
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O Itamaraty trabalha para que uma reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump ocorra por videochamada ou telefonema nas próximas semanas.

A oportunidade de diálogo entre ambos em meio à crise diplomática, detonada pelas sanções e tarifas aplicadas pelos EUA ao Brasil em razão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por golpe de Estado, foi revelada pelo próprio Trump durante seu discurso na aberta da Assembleia-Geral nesta terça-feira, 23.

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Lula abriu a Assembleia Geral da ONU
Lula abriu a Assembleia Geral da ONU
Foto: Taylor Hill / Getty Images

Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ambos tiveram a oportunidade de se conhecer pessoalmente e combinar um possível diálogo.

"O presidente Lula sempre esteve disposto a conversar com qualquer chefe de Estado que tem interesse em discutir questões com o Brasil. Mas nesse caso isso terá de ocorrer por videoconferência ou por telefone, porque o presidente volta para o Brasil amanhã e tem uma agenda muita cheia", disse ele à CNN Internacional. "Mas Lula está aberto a conversar e estou muito feliz que isso aconteceu."

Vieira disse ainda que tem conversado com representantes do governo americano que o Brasil está disposto a negociar a questão das tarifas, mas sem retroceder na questão política que envolve o julgamento de Bolsonaro, que foi condenado na semana passada a 27 anos e 3 meses de prisão por golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Aceno a Lula

Como ocorre todos os anos, os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos são os primeiros a discursar na abertura da Assembleia-Geral. Pela primeira vez, no entanto, Trump e Lula estiveram frente a frente.

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O encontro, no entanto, foi rápido. Segundo o relato de Trump, ambos se cruzaram na antessala da assembleia, trocaram um cumprimento e combinaram de se encontrar.

"Ele me parece um homem muito bom. Ele gostou de mim, eu gostei dele. E eu só faço negócios com quem eu gosto", disse Trump, que ressaltou ter tido uma ótima química com o petista.

Em recado a Trump, Lula critica ‘atentados a soberania’ e fala em ‘agressão ao Judiciário’
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Apesar do afago, no entanto, Trump também criticou o Brasil. Segundo o presidente americano, o País está "enfrentando grandes respostas a seus esforços sem precedentes de interferir nos direitos e liberdades de cidadãos americanos". Para Trump, esse propósito contou com a ajuda de administrações anteriores dos Estados Unidos, em especial a de Joe Biden.

Minutos antes, Lula fez um discurso duro no qual criticou a pressão da Casa Branca durante o julgamento de Bolsonaro, ainda que sem citar Trump.

"Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia", disse Lula em seu discurso. "Essa ingerência em assuntos internos conta com auxílio da extrema direita e de antigas hegemonias", criticou o petista.

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O presidente também mencionou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que houve um processo "minucioso", com amplo direito de defesa que não existe nas ditaduras.

Na véspera da fala de Lula na ONU, o governo Trump anunciou uma nova leva de sanções a autoridades do poder Executivo e do Judiciário brasileiro.

Lula calibrou seu discurso para contestar as "agressões" americanas, mas considerava cumprimentar Trump, se o encontrasse.

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